Nicole Tinôco

06/03/2018 11h23
Chegamos ao mês das mulheres ostentando um dado nada festivo, conforme ranking das Nações Unidas, o Brasil é o quinto país do mundo onde mais mulheres são assassinadas. Segundo informações do Ministério da Saúde, 55% destes homicídios se dão no ambiente doméstico, e mais de um terço dos assassinos eram parceiros ou ex-parceiros da vítima. Como é possível tantos anos de luta e ainda vivermos esta dura realidade. 
 
As mulheres aprendem desde muito cedo a conviver com o medo. Somos educadas desde pequenas a nos proteger de uma sociedade que julga, machuca e mata. A menina é ensinada a se bem portar para ser aceita, a se bem vestir para não ser agredida, a se proteger para sobreviver. Sob a escusa de ser em razão de instintos, natureza, homens vem sendo perdoados por atitudes machistas e misóginas das quais decorrem a violência. 
 
São nas pequenas atitudes que a opressão de inicia. A vestimenta da mulher é regulada, perpassando pelo seu pensar, culminando no seu agir.  Fruto de objetificação, é desde logo objeto de desejo, conquista, como um troféu a ser ostentado o qual se possui posse e propriedade podendo dele dispor do melhor modo que se deseje. E aí o perigo se inicia, quando o parceiro passa a se sentir dono de sua mulher relações amorosas terminam em casos de polícia. 
 
Se engana quem pensa ser simples se livrar de um agressor. Quantas mulheres pelo mundo denunciaram seus algozes e ainda assim terminaram mortas? O sistema é falho tanto na proteção, quanto no acompanhamento das vítimas, isso sem levar em conta tantas outras que não conseguem se desvencilhar de relações abusivas em razão de falta de condições econômicas para sustento próprio bem como de seus filhos. 
 
O tão falado empoderamento feminino é muito mais complexo do que imaginamos. É preciso ensinar o básico. As mulheres precisam entender que são donas de seus corpos e de suas vidas, e para isso se faz necessário uma educação de berço, de criança. A menina deve saber a força e o poder pode ter uma mulher. 
 

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