Wellington Duarte

14/01/2019 12h11
 
Agitadores de movimento Escola sem Partido comandam o MEC: e virá uma grande doutrinação?
 
Há cerca de 14 anos atrás um sombrio procurador do estado de São Paulo, Miguel Naguib, organizou um obscuro movimento, indignado, por ser CATÓLICO, de uma comparação feita por um professor de história entre Che Guevara e São Francisco de Assis.
 
A partir dai suas ideias, doutrinatórias porque quer a substituição de uma pseudo-doutrinação, nunca confirmada em qualquer indicador, para um neutralismo que inexiste na prática, pois nem professores e nem alunos são destituídos de valores, pois vivem numa sociedade cuja a base fundamental é o processo de formação dentro da contradição impulsionada pela luta de classes, passaram a ser propagadas como um vento pestilento.
 
O “movimento” logo atraiu a simpatia dos reacionários, especialmente os dirigentes das igrejas evangélicas e dos setores mais atrasados da Igreja Católica e passou a referenciar o “combate” ao “petismo comunista”. Durante DEZ ANOS esse movimento foi se espalhando, em muito ajudado pelas redes sociais e pela “militância” dos pastores, padres católicos reacionários e parlamentares de vários partidos (exceto os da esquerda), membros da bancada evangélica, entusiastas da ditadura militar, defensores da pena de morte e da “cura gay”, ideólogos do liberalismo e da privatização.
 
Em 2015, ano em que começou a organização do Golpe de maio de 2016 e já fortalecidos pelo acirramento da luta política, Naguib transformou seu “movimento” em organização e passou a atuar, de forma mais sistemática, com os políticos reacionários, que espalharam, nos anos seguintes, projetos com a face da “Escola sem Partido” pelos quatros cantos do país. Começava a jornada para o passado na Educação brasileira.
 
A “organização” recebeu força dos propagadores de uma das maiores imbecilidades já produzidas pelo reacionarismo, a tal “ideologia de gênero”, algo tão sem fundamento que passou a ser “aceita” por vários segmentos da sociedade, especialmente por não tem sentido nenhum e as palavras, mais do que o sentido delas, emergiu dos escombros da Revolução Informacional, que, descontrolada, gerou uma imensa legião de imbecis e idiotas nas redes e na sociedade.
 
A batalha desses orcs sombrios pelo fim da liberdade de ensino, grotescamente “batizada” de “contra a liberdade de ensino”, acabou ganhando força e em outubro de 2018, pouco após a eleição deste energúmeno reacionário para presidente, o relator do “Escola sem Partido” na Câmara dos Deputados, deputado Flavinho (PSC), adicionou alterações na redação do projeto na véspera da votação, deixando-o mais restritivo.
 
No novo texto, noções como "gênero", "orientação sexual", "ideologia de gênero" e "preferências políticas e partidárias" não podem fazer parte de "materiais didáticos e paradidáticos", "conteúdos curriculares", "políticas e planos educacionais" e "projetos pedagógicos das escolas" (antes, era apenas "materiais didáticos e paradidáticos"), entre outras restrições. O que ocorreu em seguida foi uma verdadeira batalha campal entre estudantes e beócios desqualificados, mas que acabou tendo como resultado o arquivamento da proposta.
 
Mas ela voltará e agora fortalecida pelo novo batalhão instalado DENTRO do Ministério da Educação (MEC), sob a batuta de Ricardo Vélez Rodrigues, que segue à risca o pensamento do bucéfalo Olavo de Carvalho, um sujeito desqualificado e com alucinações conservadoras, mas que, exatamente por representar essa parcela com cérebros ressequidos, foi acolhida pela horda bolsonarista e foi o próprio Olavo que indicou esse elemento para ser ministro.
 
A formação do novo ministério mostra-o cheio de ex-alunos do ministro, tão imbecis e reacionários quanto o próprio e por militares do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). O próprio ministro é “professor emérito” da Escola do Comando e Estado Maior das Forças Armadas, mostrando porque estamos vivenciando uma revoada de militares, TODOS DOUTRINADORES EM POTENCIAL, para infestar o aparelho de Estado e influenciar, no caso da Educação, a construção de uma “nova Educação” no Brasil.
 
Vélez, que na sua paranoia sonha em derrotar o “marxismo cultural”, outra besteira que virou verdade, monta um grupo de inquisidores, dispostos a “reeducar o povo”, com base em preceitos “cristãos” do século XIX.
 
Olavo de Carvalho colocou seus pupilos na chefia de Gabinete, na secretaria de Alfabetização, na direção da Avaliação de Educação Básica, órgão do INEP, aquele que organiza o ENEM, o que demonstra claramente a tentativa de formar uma base doutrinatória vinda de baixo e que, se tiver sucesso, criará uma geração de jovens totalmente cooptados por esse pensamento medieval.
 
A nada republicana montagem do MEC, feito à base de amizades e compadrios, muito criticada pelos bolsonaristas em relação aos “governos petistas”, é tão bizarra que servidores do ministério estão em estado de choque diante de tamanha falta de critérios técnicos mínimos para a escolha desses elementos.
 
No caso dos militares, foi entregue a direção da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que atua na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados do país; e um general, indicado para “comandar” a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que hoje gerencia os hospitais universitários por todo o Brezil.
 
De tudo o que foi escrito acima, deduz-se que os propaladores da “Escola sem Partido”; os combates da “ideologia sem partido”; e dos que são contra o “marxismo cultural”, preparam uma grande involução da educação pública brasileira.
 
E virá uma grande escuridão...

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