Wellington Duarte

03/02/2019 11h58
 
O capanga de Bolsonaro na Educação ameaça “guerra santa” contra um marxismo imaginário
 
Enquanto se desenrolava a barafunda no Senado e a posterior eleição de um obscuro e medíocre político do Acre, Davi Alcolumbre (DEM), um néscio cuja candidatura foi forjada grotescamente no gabinete de Onyx Lorenzoni (DEM), cuja esposa trabalha do gabinete de Alcolumbre, ou seja, a República dos Burros na verdade é uma grande corporação corrupta, venal e entupida de pessoas desqualificadas, de comportamento obtuso e com ligações criminosas.
 
Alcolumbre foi eleito com o voto de 41 dos 84 senadores e isso, por si só, já mostra seu grau de representatividade na “Casa Revisora”, como é chamado o Senado, mas este é apenas um dos múltiplos cenários bizarros que o novo governo, com 32 dias de governo, tem mostrado diariamente.
 
Além da destrambelhada Damares, que todos os dias fornece elementos para memes e piadas, enquanto enterra todo uma perspectiva de termos um país respeitando a diversidade; passando por um tresloucado ministro responsável por enterrar a imagem do país no exterior; além da militarização de vários setores governamentais, numa espécie de “aparelhamento verde e oliva”, o novo governo tem uma miríade de figuras toscas, para todos os gostos ruins, com diversos graus de periculosidade.
 
O governo do “libertarismo”, uma fusão esdrúxula de um liberalismo ensandecido e de um autoritarismo saudosista, emergem figuras de proa, que tem a missão de remodelar o Estado na forma de um monstrengo neofascista, que entrega a riqueza aos estrangeiros (leia-se EUA) e implementa um “moralismo medieval” nas falidas instituições republicanas, ou seja, se essa quadrilha perigosa se mantiver no poder com toda a força que tem demonstrado, em 2022 teremos um país parecido com as velhas estruturas feudais : uma elite corrupta e burra, cercada por uma massa disforme de miseráveis, dispostos à barbárie para sobreviver.
 
Uma dessas figuras tacanhas é o atual ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodriguez, nomeado para destruir todo o sistema educacional brasileiro em nome de uma “faxina ideológica”, já que Bolsonaro acredita piamente que todos os setores da educação brasileira estão tomados por comunistas doutrinadores, uma pressuposição típica de pessoas ignorantes e com uma certa predisposição a um desequilíbrio mental. E o ministro, com suas “aparições” midiáticas, parece juntar as duas coisas.
 
Aliás Bolsonaro é um dos que acreditam piamente que o antigo MEC era um “antro de comunistas” e que na sua antessala Stalin o espera. Só com esse tipo de premissa se escolheria um desqualificado para cuidar de uma área tão sensível e que luta contra um marxismo imaginário, produto da sua incompetência acadêmica e de uma mente doentia, há “trinta anos”, como ele mesmo se gaba dessa “façanha”.
 
Vélez, professor emérito do Comando do Estado Maior das Forças Armadas, começou a sua gestão paparicando os “verde-e-oliva”, afirmando a esmo que pretende transformar as escolas municipais em colégios militares, numa clara demonstração de um reacionarismo ensandecido e ignorante, que desconhece a própria estrutura federativa da República que infelizmente o adotou.
 
E no mesmo momento em que disparava o primeiro míssil reacionário, já anunciava de forma estridente que lutaria com todas as forças o “marxismo nas escolas” e logo em seguida extinguiu com uma canetada a secretaria responsável pelas políticas relacionadas as diversidades, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), substituindo-a pela subpasta Modalidades Especializadas, que terá o papel de formar o jovem para o mercado de trabalho.
 
Bolsonaro não escolheu um ministro e sim um capanga para promover suas ideias doentias e nada melhor que esse beócio letrado que premiou o brasileiro com uma espetacular entrevista na revista Veja dessa última semana. Com desenvoltura asinina, Vélez expôs suas ideias e o que pretende fazer com a educação brasileira e o cenário proposto é perturbador.
 
Antes da entrevista o ministro, que adora holofotes, mandou o respeitado filósofo e teólogo Leonardo Boff, para a Coreia do Norte e chamou o jornalista anti-petista, Ancelmo Góis, de “elemento treinado pelo Partido Comunista Soviético”, o que sugere um destrambelhamento mental preocupante.
 
Ao lado disso profanou a história para justificar o fechamento dos seus cursos de pós-Graduação, perseguido por uma organização “subversiva e comunista”, a Ação Popular, que não mais existia no tempo em que seus cursos foram fechados, além de atribuir uma simpatia do anticomunista general Roberto Ludwig, aos “marxistas do MEC” que “infestou o ministério” com quadros treinados pela KGB.
 
Na sua entrevista à revista Veja, o que se percebeu é que o comando da Educação está nas mãos de um reacionário desequilibrado que, alimentado por sua paranoia, anunciou uma destruição maciça dos princípios educacionais brasileiros, da base ao teto, prometendo reduzir este país a um sanatório de mutantes descerebrados e zumbis obedientes, que andarão com uma Bíblia na mão e uma corrente na outra, como forma de mostrar sua completa submissão aos “interesses do mercado”.
 
Vélez, de uma tacada só, chamou os brasileiros de ‘canibais ladrões”, que, como matilha saem pelo exterior roubando e enganando a pobre civilização ocidental; que as universidades só devem ser ocupadas por uma “elite gloriosa”; e que a Educação deve apenas e tão somente dotar o futuro cidadão de um moralismo cristão e de uma cega obediência às leis.
 
Vélez, o capanga perigoso de Bolsonaro, já mostrou sua face, e agora caberá aos movimentos própria concepção de educação nesse país.
 
Mas de uma coisa tenho certeza: Vélez é um dos cavaleiros apocalípticos da ignorância e do atraso e é um inimigo a ser derrotado.

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