Wellington Duarte

11/02/2019 12h39
 
O Papa Francisco e o governo bolsonarista: General ameaça a Igreja Católica
 
Os generais e os militares que retornaram ao poder, estão em polvorosa. No imaginário do general Augusto Heleno Ribeiro, um dos elementos que, segundo alguns analistas afirmam, está no comando efetivo do Executivo e que tutela o Judiciário, a Igreja Católica, hoje dirigida por um “comunista fervoroso”, o Papa Francisco I, está armando uma “internacional clerical” e o governo irá enfrentar.
 
A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), uma grande repartição pública de agentes contratados em concurso público e que boa parte é de perfil público, algo inédito nos países sérios, e que durante os governos Lula e Dilma, se mostraram lenientes, se não incompetentes, em subsidiar o governo de então de informações sobre as ameaças que pairavam sobre a democracia, agora se mostram sequiosos em mostrar serviços aos novos mandatários.
 
E o que vão fazer esses agentes 007 tupiniquins? O general, tomado pelo saudosismo de quando os padres eram considerados “potencialmente comunistas” e parte da Igreja Católica como “agentes de Moscou”, prometeu, em público, “monitorar” os “padrecos comunistas” e ir contra a pretensão da Igreja Católica em discutir problemas claríssimos que os bolsonaristas vêem como secundários.
 
E qual é a “grande ameaça” que Heleno viu? Uma “internacional católica de esquerda”, que se reunirá em outubro para um Sínodo (assembleia regular de párocos) sobre a Amazônia e que, para o pequeno candidato a caudilho, seria uma “ingerência nos assuntos internos do país”, uma piada na medida em que o governo interfere escandalosamente na sua vizinha, a Venezuela.
 
O Sínodo, que irá abordar a situação dos povos indígenas, muito amado pelos bolsonaristas; as mudanças climáticas, que o ministro das Relações Exteriores diz não haver; e as questões ligadas aos quilombolas e às comunidades tradicionais amazônicas, ou seja, irá discutir tudo que o governo neofascista brasileiro detesta, talvez por isso o general Heleno tenha surtado.
 
Não é do desconhecimento de ninguém que o Papa Francisco não conta com a simpatia dos bolsonaristas, devido aos seus posicionamentos políticos contra a pobreza e sua defesa dos pobres, segmento que Paulo Guedes que exterminar via neoliberalismo truculento.
 
Esse “novo olhar” de um governo, eleito não muito democraticamente, sobre a Igreja Católica, como se estivéssemos nos anos 60, 70 e metade dos anos 80, mostra que os verde-oliva parecem não ter assimilado a democracia, mesmo depois de mais de 30 anos convivendo com ela, e, ao retornarem ao poder, como agentes subalternos às forças políticas corruptas e obtusas do bolsonarismo, pretendem manietar a sociedade novamente.
 
O problema, para Heleno e seus saudosistas de plantão, é que, mesmo desarticulada, a sociedade civil resistirá à mais essa ofensiva contra a civilização.
 
Quem viver verá....
 

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