Ananda Carvalho

21/02/2019 01h04
Viajar pode ser mágico (e sobre aeroportos e voos)
 
Viajando de volta pra casa depois depois de uma boa temporada de férias em Natal fiquei pensando na primeira vez que eu viajei de avião. Eu jurava que ia ter um "piripaque" no avião de tão nervosa. E para passar um mês, levei uma mala que devia caber eu mesma ali dentro. Desta vez, fiquei chocada como pra passar dois meses eu levei uma mochila só, até eu parei e pensei "não pode estar tudo aí dentro" mas, de alguma forma, coube. Devo admitir adorei mudar de estilo de bagagem, é mil vezes mais prático e só de não ter que carregar quase uma casa pra cima e pra baixo já vale a leve dor nas costas.
 
Relembrando agora a primeira vez que viajei de avião, com toda a sorte que eu tenho, teve uma turbulência, eu praticamente vi a luz no fim do túnel naquele momento, mas obviamente foi só uma tremida e logo tudo voltou ao normal. Já aconteceu de eu ter  sorte tremenda e já sair do avião direito pro banheiro vomitar, até hoje não sei porque. 
 
Não posso esquecer do episódio onde esperando o horário do vôo com meu irmão, no Aeroporto de Natal/São Gonçalo, na mesa à nossa frente, um prato de sushis solitários, esperamos o dono deles, e nada.  Depois de um tempo meu irmão Pedro foi lá e trouxe o prato para nossa mesa, eu meio envergonhada, mas, não se deixa de comer um prato cheio de sushis na sua frente né? E não, não foi depois desse sushi que eu passei mal pousando. O problema é que eu esqueço que minha imaginação é mais fértil do que eu me orgulho. Em um voo de 3 horas, eu montei na minha cabeça um esquema de máfia japonesa que envenenava pessoas com sushis abandonados... E obviamente de novo, eu estava errada.
 
Depois de um tempo, felizmente eu parei de criar teorias envolvendo máfias e motores quebrados e comecei a observar mais. Quando você não está atrasado ou muito ansioso é muito fácil e interessante observar as pessoas em aeroportos ou rodoviárias. É sempre uma variedade tão interessante. No último voo que peguei eu estava reparando em uma mesma fila, uma família, acho eu, americana, um moço parecendo muito hippie atrás de mim, um casal com uma roupa muito de academia, um casal de velhinhos que vieram da Bahia que eu conversei já com o avião pousado. Isso as que estavam perto de mim e eu reparei, quantas pessoas completamente diferentes e aleatórias deviam estar naquele vôo. E é algo muito interessante de pensar que cada pessoa ali está viajando por um motivo diferente as vezes até maior do que a gente imagina. 
 
Eu não lembro exatamente em que filme eu vi essa cena, mas, eu lembro que o personagem conversava com o amigo e dizia que achava que aeroporto trazia um clima de despedida e reencontro que era muito agradável de se observar, que na hora que as pessoas se reveem, é como se elas esquecem de tudo por um instante, qualquer estresse, mágoa de quem foi ou de quem ficou.
 
Pode ser uma visão demasiadamente romântica , mas eu acho bonito pensar assim , e concordo com ele. Tanto que eu nunca esqueci essa cena, mesmo não fazendo a mínima idéia em que filme a vi. 
 
Sinceramente eu acho que o clima de viagem faz bem, para alguns pelo menos, na minha opinião principalmente quando você não tem muita certeza de como vai ser, ou exatamente pra onde vai. A sensação de mudar sua vida por um curto período e depois poder voltar ao normal é algo quase mágico na minha opinião, dependendo de como a pessoa pretende fazer essa mudança pode ser até meio assustador mas citando um livro de John Green, Cidades de papel: "É muito difícil ir embora – até você ir embora de fato. E então ir embora se torna simplesmente a coisa mais fácil
 

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