Wellington Duarte

21/08/2019 12h33
 
OS PROFESSORES DA UFRN QUE APOIAM O FUTURE-SE ESTÃO IMAGINANDO UM CENÁRIO IRREAL
 
Alguns colegas professores da UFRN já demonstraram uma forte simpatia pelo FUTURE-SE, achando que essa panaceia resolve os problemas da UFRN em conseguir recursos para pesquisas e acham que nesse novo "ambiente", as possibilidades de expandir suas pesquisas, com a perspectiva de aumento de renda, além dos salários, é uma aspecto muito positivo do tal programa.
 
Convido, de forma INSISTENTE, aos colegas que LEIAM a minuta do projeto e não se apeguem desmesuradamente ao canto da sereia emanado das tosquias do MEC. Verão a imagem que esse governo tem das universidades e como o "novo ambiente" é sombrio e que os discursos de um lindo futuro, são a aposta no fim da Ciência como tal.
 
Imaginar que os 2.300 professores da ativa tem o potencial de serem "empreendedores" dentro de um espaço ACADÊMICO em que deve lastrear sua presença na universidade pelo ensino, pesquisa e extensão é, primeiramente, uma sandice monumental. A UFRN tem várias áreas de conhecimento que tem uma lógica de interação com a sociedade que norteia-se pelo tripé ensino-pesquisa-extensão. Quebrando esse tripé a UFRN quebra-se como instituição universitária.
 
O tal "empreendedorismo docente" é uma falácia e os professores que estão achando que vão ter rendas graciosas através do Future-se, devem botar as barbas de molho e verificar que, ao aderirem a essa "nova visão" estarão condenados a serem produtores de produtos, patentes e serviços das empresas, que cobrarão tempo de trabalho para isso, forçando os docentes a uma jornada de trabalho absolutamente insana, visto que o TEMPO para o setor privado é DIFERENTE do TEMPO das pesquisas, mesmo que na área de produção, para as universidades.
 
Será que os professores já seduzidos pelo Future-se tem a perspectiva de que o mercado se abrirá graciosamente para as suas pesquisas, e imagina que a patente delas serão suas, visto que sua adesão a esse novo mundo AINDA será pela UFRN, a verdadeira detentora da patente, visto que o dito pesquisador utilizara recursos e estrutura dela para produzir suas pesquisas? É bom se inteirar das leis.
 
O que os professores "futuresistas" precisam entender é que seu "empreendedorismo acadêmico" pode estar condenado ao fracasso porque certamente as OS farão um filtro muito seletivo para quem destinar as verbas, e isso gerará um canibalismo acadêmico de grande monta, destruindo toda e qualquer essência do real significado de ser professor universitário.
 
Os colegas docentes que ACHAM o Future-se algo positivo podem estar assinando a sentença de morte da UFRN e de suas carreiras acadêmicas; e entrando no mundo das relações de trabalho onde ficam sujeitos aos interesses da empresa. Não imagine que suas expectativas como promotor do conhecimento será levado em conta. O docente será um maquinário como outro qualquer.
 
O princípio da ciência é a ousadia de descobrir e expandir essa descoberta. O princípio do Future-se é enjaular a Ciência na cela dos interesses empresarias.
 
É isso que os professores da UFRN querem?
 
Wellington DuarteProfessor do Departamento de Economia da UFRN e presidente do Sindicato dos Professores da UFRN (ADURN-SINDICATO)
 

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