José Antônio Aquino

19/09/2017 11h04
O Rio Grande do Norte se depara sistematicamente com contínuas quebras de recordes de ação da criminalidade. Sejam com furtos, roubos ou assassinatos, o fato é que a atuação da criminalidade tem deixado perplexa a sociedade potiguar, por se ver completamente refém da ação dos bandidos no cotidiano e pela efetiva falta de uma ação dos gestores públicos, a quem caberia a responsabilidade por propiciar segurança à população.
 
É notável que este sentimento não é algo exclusivo dos Potiguares. Em recente publicação de pesquisa realizada pelo Datafolha para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública se constatou que “Metade do País diz se sentir vizinha do crime organizado”. Isto é, a população sente que cada dia mais, ações criminosas são cometidas e têm invadido um espaço que outrora era ocupado pelo Estado.
 
Uma constatação importante da pesquisa citada é que o sentimento das pessoas nas regiões metropolitanas do País, de que o crime organizado está atuando efetivamente muito próximo a si, é mais de três vezes maior que o sentimento nas cidades do interior. Logicamente que esta percepção ocorre pelo fato de ser uma explícita estratégia do crime organizado em se instalar nas cidades maiores do País onde estão localizadas as suas principais “fontes de renda”.
 
Apesar das constantes críticas realizadas por vários setores da sociedade civil aos gestores potiguares, infelizmente, não parece existir uma ação coordenada que busque efetivamente minorar a grave crise pela qual passa este Estado. Temos cotidianamente visto na imprensa a repetição de sofismas incapazes de consolar alguém, posto que o número de eventos criminais parecem crescer de forma exponencial.
 
De acordo com o Observatório da Violência Letal Intencional (Obvio), no final de semana entre 15 e 17 de Setembro, apontou a absurda contabilização de trinta (30) assassinatos. Totalizando, apenas no corrente ano, a impressionante marca de hum mil setecentas e oitenta mortes (1.780). O crescimento do número de homicídios toma proporções mais alarmantes quando se compara com anos anteriores. Esse crescimento foi de 26,7% com relação a 2016 e de assustadores 60% com relação a 2015.
 
Um questionamento elementar vem à mente de qualquer pessoa que se depare com tais dados: Aonde está o Estado? Para onde vão os recursos que são sugados da Sociedade em forma de impostos? Quais as perspectivas que nos restam?
 
É preocupante se perceber que embora tenhamos uma sociedade completamente acuada pelo terror ocasionado pelo crime organizado não se perceba por parte dos gestores da segurança pública nada mais que ações pontuais e que não visam uma precisa e forte atuação do Estado para conseguir minorar a crescente atuação do crime generalizado. É da mesma forma cada vez mais perceptível que o aumento da violência cresce na mesma proporção em que se instala o terror nas terras potiguares, bem como na escala em que cresce a certeza da impunidade, posto que tais crimes sequer conseguem ser elucidados, gerando um terrível círculo vicioso, no qual o cidadão é quem sai sempre derrotado.
 
REFERÊNCIA
 
HERMES, Ivenio. Migração dos CVLIs: De Natal Para Cidades da Região Metropolitana: Estatísticas Promotoras de Soluções. Boletim Mensal Obvio, Natal, v. 1, n. 2, p.8-14, 3 out. 2016. Mensal. Disponível em: <http://bit.ly/OBVIOOUT16>. Acesso em 17 set. 2017 às 20:30.
 
http://senadinhomacaiba.com.br/blog/fim-de-semana-tem-30-homicidios-no-rn-diz-instituto/ Acesso em 18 set. 2017 
 
http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,metade-do-pais-diz-se-sentir-vizinha-do-crime-organizado-mostra-pesquisa,70001952804  (Acessado em 7/09/17 às 20:40) 

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