Nicole Tinôco

02/01/2018 15h31
Ainda em clima festivo minha vontade natural era iniciar o ano falando sobre amenidades, sobre como foi o réveillon dos famosos, Ivete Sangalo com suas quase três “crias”, Sasha Meneghel distribuindo beleza ao lado de um novo amor em terras norte-rio-grandenses, ou até mesmo definindo promessas a serem cumpridas por mim e sugeridas a vocês no propósito de  “fazer diferente” neste ano que se inicia, porém, a expectativa de um 2018 mais leve que o fatídico ano passado cai imediatamente por terra ao abrirmos qualquer portal de notícias que se preze. Dias muito difíceis nos aguardam, a intolerância, as agressões, o desrespeito não são novidades e a tendência é encararmos um dos piores processos eletivos no tocante respeito ao próximo. A guerra “coxinhas” e “petralhas” nunca acabou e a tendência é que os excessos se agravem ao nível máximo. 
 
Não proponho aqui “chover no molhado” adiantando que estamos sem opções, que os nomes são restritos e não trazem qualquer novidade. Não quero tampouco adiantar minhas preferências políticas, as quais nunca escondi, pelo contrário, me orgulho e faço questão de dar publicidade, mas o medo do que está por vir me corrói o peito. Temo inicialmente por mim, pelo meu equilíbrio pessoal, pela minha saúde mental e mais que isso receio pelo caos que imagino se instaurar em nossa sociedade, nosso país, nossas casas e famílias. Se um lado grita que foi golpe, (e foi mesmo), o outro brada que os golpistas são os de vermelho que construíram ou melhor destruíram o país e que são eles os responsáveis pela crise e pelo caos que nos encontramos. 
 
Enquanto o nível de discussão estiver no patamar descrito acima não me causa grandes angústias pois se trata da narrativa política normal, cada lado trará seus argumentos e isto na verdade é muito saudável a nossa tão sofrida democracia. O que me aflige é o ultrapassar do compreensível, são as agressões pessoais, o desrespeito generalizado e gratuito, tudo aquilo que sempre busco evitar ao entrar em um embate ideológico, mas que o passado muito próximo me relembra não ter sido fácil combater em virtude de diversos aspectos. Começo então este ano citando um agente que vem crescendo no cenário atual, que suscita o ódio, e ao meu ver, instiga a também por mim sempre combatida intolerância. 
 
O personagem por mim descrito a seguir teve sua força política minimizada por meus pares até o presente momento, além da orientação de que não devemos dar voz e vez a um cidadão que traz a alcunha de Messias até no nome, se colocando como a solução de todo qualquer problema enfrentado por nossa nação, e, tal qual escrito em sua certidão se propõe a reconstruir o Brasil. Será que o nosso presidenciável tem consciência de que “O Messias” se refere a um conceito judaico, pertencente aos descendentes de Davi e que muito mais que a questão de reedificação se refere diretamente à noção de instauração da paz no mundo?
O deputado federal reservista militar me causa pânico não por receio de que seja vencedor nas próximas eleições, nem por um minuto acredito nisto, espero mais dos compatriotas, mas temo pelos rumos do processo. Sim, ele tem um público fiel, sete mandatos no currículo em um dos maiores estados do país, e um arsenal de declarações e posicionamentos que me congelam a alma. O defensor da sagrada família Brasileira é para mim a maior decepção que já pude acompanhar do alto de meus 31 anos de idade, saber que há quem nele acredite, quem ecoe seu discurso retrógrado e odioso é muito mais uma questão de temor e lamento do que um combate as ideologias as quais abomino. 
 
Travestido como defensor dos bons costumes, da escola sem partido, dos “rigores” na educação infantil, a verdade é que o propenso “Salvador da pátria brasileira” não faz questão alguma de disfarçar a que veio, encampa bandeiras a favor da redução da maioridade penal, combate exaustivo aos direitos humanos, apologia ao armamento da população civil e instigação a defesa “com as próprias mãos”. O baluarte da honestidade, que se coloca como opção à descrença com relação a corrupção, é para mim o troféu vergonha alheia 2017, não destinado a ele, que segundo as pesquisas tem crescido, mas sim aos seus seguidores os quais são dignos do meu pesar. 
 
A minha conversa com vocês por hoje é rápida e direta. Desejo um ano de muitas realizações a todos, que independente das suas posições políticas a saúde mental e física de cada um de seja colocada como prioridade, que a alegria e felicidade tomem conta dos seus lares, que os dias difíceis sejam enfrentados da maneira mais leve e que findem rapidamente, mas como vocês já devem supor não me excursarei de tecer minhas opiniões, políticas, filosóficas e pessoais. Sendo mais clara, objetiva e direta, desejo paz e amor na vida de cada um de meus leitores e amigos mas deixo aqui meu apelo não permitam que a religião e a fé, e conceitos de moralidade e ética sejam utilizados de forma a ludibriar e enganar a quem deles se apropriam indevidamente. Ou seja, o Papa Francisco é um messias, o Jair e os que a ele se assemelham não. 

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