Arthur Dutra

04/07/2019 02h14
 
A Natal dos desenhos e a Natal que queremos
 
Causaram o maior alvoroço em Natal, na semana passada, os desenhos do empresário Silvio Bezerra com equipamentos em vários locais da cidade. Torre observatório na Ponta do Morcego, Túnel ligando a Bernardo Vieira à Via Costeira passando por baixo do Parque das Dunas, Teleférico no Morro do Careca, Marina na foz do Rio Potengi, verticalização da Redinha, dentre outras ideias modernizadoras da nossa capital. Como imagens falam mais do que mil palavras, foi possível projetar no nosso território aquilo que poderia ser feito, mas que não existe em razão de impedimentos legais e econômicos. E é justamente neste ponto que chegamos, mais uma vez, ao Plano Diretor de Natal, nossa Lei complementar 82/2007. 
 
Como já venho dizendo com uma certa frequência, o salto que Natal precisa dar rumo ao futuro passa, necessariamente, pela revisão do Plano Diretor e de vários dos seus dispositivos que, hoje, impedem a realização de diversos sonhos urbanos do cidadão Natalense. Há, ainda, outro aspecto de fundamental importância nessa discussão toda, que é a oxigenação da nossa estrutura com novos equipamentos, notadamente aqueles que tem um potencial para dar um novo gás naquela que é a nossa principal vocação: o turismo. 
 
As últimas notícias nesse segmento da economia são bastante desalentadoras. A queda no fluxo de visitantes é vertiginosa, segundo o Anuário Estatístico do Ministério do Turismo. Há, claro, um conjunto de fatores internos e externos, mas na base de todo esse marasmo está, sem dúvida, o fato de que Natal parou no tempo em termos de oferta de novas atrações para o Natalense e, principalmente, para o nosso maior cliente, o turista. Isso é inconcebível, pois não se enganem: há grande concorrência entre as cidades pelos turistas, e isso hoje está cada vez mais claro quando vemos uma crescente procura por cidades como João Pessoa, Recife e Maceió, enquanto Natal cai nesse ranking.
 
Toda mudança profunda é difícil e encontra fortes resistências. Mas se quisermos realmente sair do marasmo de uma década perdida que trouxe imensos prejuízos e perdas de oportunidades para Natal, precisamos colocar nossos olhos no futuro e ousar. E esse esforço, consistente num grande pacto social pela salvação de Natal, precisa começar com a construção de um Plano Diretor que esteja alinhado com o progresso e, porque não dizer, com os sonhos em forma de desenho que reavivaram no Natalense a esperança de viver numa cidade moderna e cheia de oportunidades.  
 
(*) Arthur Dutra é natalense, 36 anos, advogado formado pela UFRN e assessor jurídico parlamentar. Membro da Comissão Especial da OAB/RN para a Revisão do Plano Diretor de Natal. Líder RenovaBR.
 

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