Wellington Duarte

28/03/2020 00h09
 
UMA PEQUENA E TRÁGICA HISTÓRIA DE UM AUTÔNOMO CONDENADO PELA INAÇÃO DO GOVERNO DA UNIÃO
 
 
Maciel é autônomo. Ele, temeroso, obedeceu ao isolamento social, mas, passados 4 semanas, em desespero, sai de casa para tentar sobreviver vendendo as coisas. Ele não tem alternativa. Esperou 30 dias e o governo federal, só agora dobrou-se ao Congresso e vai dar uma grana de R$ 600 a ele.
 
Mas terá de esperar uns 15 dias até que talvez esse dinheiro chegue no seu bolso. O que fazer até lá? Ele tem 2 filhos e a esposa não trabalha.
 
Ele tem de sair. E sai. Passa o dia na rua, vende pouquíssimas mercadoria, arruma uns trocados, compra pão, ovo e corre prá casa. Todos comem. Não há saída.
 
Maciel fica grudado na tv. Vê explicações do governo, dizendo que liberou Bilhões, mas quando será isso? O presidente diz que a fome não espera, que o BraZil não pode parar. Ele concorda, não por gostar do presidente, mas por ele e seu desespero.
 
Maciel sai nos dias seguintes. Mas começa a se sentir cansado, com dificuldade de respirar, fica com febre e não consegue se levantar. A mulher se desespera, os filhos são pequenos. Ela chama a SAMU, que leva Maciel, que está piorando.
 
Ana, a mulher desesperada de Maciel, fica sem esposo e provedor, e dois dias depois Maciel morre da COVID-19. Ana e os filhos estão contaminados, precisam de isolamento total. Medo, desespero e fome. Os vizinhos tentam ajudar, fazem vaquinha.
 
Ana e Maciel moram numa pequena vila, com 8 casas de cada lado. Em poucos dias Ana tomba, não resiste e em pouco tempo a maior parte dos residentes da vila estão doentes. Mas não há vagas nas UTI's.
 
Em 20 dias, quando começa a chegar a grana que o governo federal DEVERIA ter liberado no início da pandemia, Ana morre e leva junto um dos seus filhos. A vila perde metade dos seus residentes.
 

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