Renisse Ordine

09/04/2020 00h02
 
A Angústia e outros Presságios Funestos
 
 
Muitas pessoas, muitas vidas... Cada qual com suas vivências e destinos.
 
Nesse cotidiano corrido, com hora para tudo, as pessoas vêm e vão todo dia, o tempo inteiro. Na maioria das vezes passam como um borrão, uma sombra, que esbarramos e não paramos nem para reparar nesses rostos que cruzam pelos nossos caminhos. Porém, nessa filosofia de vida, nesse vem e vai, nem imaginamos o porquê de tanta pressa de alguns ou inércia de outros. 
 
No livro do escritor carioca, César Manzolillo, A angústia e outros presságios funestos, é uma oportunidade dada para conhecermos pessoas cujas histórias e destinos fogem de nossa percepção. Com as fatalidades que demonstram a complexidade da vida humana. Cada pessoa é uma experiência do que deu ou não certo. 
 
É um encontro com diversas pessoas, não digo personagens, pois as suas histórias são como as nossas, na maioria das vezes, sem encantamento ou poesia. Como diria Nelson Rodrigues: “A vida como ele é”. 
 
Para não deixar a dúvida que se tratam da realidade, o autor, intitulou os contos com os nomes próprios daqueles que se tratam a história, começando pelo Álvaro e terminando na Zulmira, como uma fila indiana, ficamos conhecendo suas vidas, uma a uma. 
 
Porém, Manzolillo, consegue narrar esses contos com sutileza, chegando algumas dessas vivências a nos chocar, claro, pois foge totalmente da poética da literatura. Retrata a realidade, o cotidiano normal dessas pessoas presentes nos livros, e quantos e quantos Àlvaros, Brunos, Evas, Helenas e tantos outros cruzam em nosso caminho diariamente? Só falta saber olhar para o lado.
 
Nesse livro de pequenos contos, o leitor não se sentirá agredido pela exatidão dos fatos, mas curioso por fazer essa leitura, com narrativas sutis, muito das vezes, bem curiosas e até engraçadas.  Ressaltando duas palavras do texto Angústia e Presságios, dá-se a ideia do conteúdo e desfecho dos contos, implícitos ou explícitos, das vidas das pessoas escolhidas pelo autor. 
 
“... É um dobermann. Joaquim, vou comer mais uma fatia. Sim, sim, portuguesa, claro. Não consigo resistir. Por favor, mais uma lata de chá gelado também. Limão, pêssego, qualquer um. No cômodo onde estava Lorena, iluminado apenas pela suave luz verde de um abajur pousado na mesinha de cabeceira Ávila analisa o ambiente. De repente, invade o berço...”

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).