Evandro Borges

10/04/2020 00h08
 
As complexas relações entre os países nas suas orbitas de desenvolvimento
 
O Brasil é um país de economia aberta de relação entre a iniciativa privada e relações de trabalho que devem ser equilibradas em conformidade com a Constituição da República, com um passado colonial muito forte, produtor de matérias primas e alimentos para exportação para os grandes centros do Norte, marcadamente Europeu e da América Norte, potencia mundial que se consolidou na esfera global depois das duas grandes guerras do século passado.
 
O país sair destas amarras, passar por um processo industrial com toda a sua diversidade cultural e das suas regiões forjou a construção nacional, com desafios imensos na atualidade de globalização, não somente econômica, mas também humana pelas condições de vida da maioria da população originada no caldo da cultura da escravidão, e da exploração assalariada com péssimas condições de trabalho, e sem o Estado responder questões fundamentais e básicas contemporâneas, de abastecimento d’água, coleta de lixo adequada, saneamento, habitação, mobilidade urbana, educação, saúde e outros.
 
A formação de blocos para os países periféricos passou a ser uma necessidade e até pelo ensinamento da União Europeia, mesmo com uns senões, como é a saída do Reino Unido, completamente equivocada, pois não retornará para o país colonial de outrora, cabendo à formação de outros blocos, diversificando os mercados para os produtos, mesmo primários produzidos no país, de carne, frango, frutas, café, cacau, soja, peixes, camarões, minérios em geral e até manufaturas produzidas com pouco valor agregado.
 
No decorrer dos anos o Brasil está conseguindo construir o Bloco do Mercosul com todas as dificuldades e desconfianças, avançou com a formação do Brics, inclusive com a composição de um Banco do grupo, abriu fronteiras de exportação no mundo Árabe e firmou relações na África e sendo fator de unidades com políticas pragmáticas na busca do desenvolvimento nacional, na guerra fria tentou o não alinhamento, contribuindo para o fortalecimento de mercado interno e para receber investimentos de todas as naturezas.
 
A prática da política pragmática de moderação e diálogo pontuou as relações exteriores e como guia a autodeterminação dos povos, postulado fundado no primeiro encontro de cúpula entre os Presidentes Churchil e Roosevelt  durante a segunda grande guerra, nos fez caminhar sem rompantes, sem intrigas, e nos últimos anos participando aos poucos de grandes fóruns e trazendo eventos internacionais importantes para o país, como foi exemplo o encontro internacional do clima e segurança no Rio de Janeiro.
 
Assim o desenvolvimento brasileiro que caiba todos nacionais com dignidade humana na complexidade atual de globalização e entrelaçamento em todas as esferas de relações, Norte – Sul, Sul – Sul, Desenvolvidos – Emergentes exige muita ponderação e capacidade para o diálogo, não permite rompantes, ignorância, posturas ideológicas, preconceitos, alinhamentos incondicionais, comportamentos de compadrio e nepotismo.
 
As relações exteriores devem ser a mais profissional possível realizada com base na formação técnica de um Instituto Rio Branco, com formação da diplomacia de carreira, que consiga abrir espaços, respeito, credibilidade e não virar chacota no mundo inteiro, querer ser o politicamente errado, atacando florestas, povos tradicionais, os direitos humanos, o pluralismo, e exacerbando a exploração do capital, esquecendo a dignidade da pessoa humana, não condiz para o Brasil, atrasa o desenvolvimento e pode interromper construções realizadas por mais de uma geração. 
 

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