Wellington Duarte

18/05/2020 16h19
 
COVID-19 : O DUELO ENTRE A CIÊNCIA E A IGNORÂNCIA NO “BOLSONARISTÃO”
 
 
A palavra é do latim “vīrus’, que se refere a veneno e outros líquidos nocivos, da mesma base indo-européia que o sânscrito “viṣa”, o Avestan “vīša” e o grego antigo “ἰός”, usado pela primeira vez em inglês em 1398, pelo inglês João de Trevisa, e pelo franciscano parisiense Bartholomeus Anglicus, no “De Proprietatibus Rerum” . Já o termo “virulentus” (virulento ou venenoso) passou a ser usado dois anos depois, em 1400. E o termo, usado como "agente que causa doença infecciosa" foi registrado pela primeira vez em 1728, ou seja, trezentos e vinte e oito anos depois.
 
O russo Dmitri Ivanovsky, ao ser enviado à Ucrânia e Bessarábia, para estudar uma doença do tabaco, em 1887, e três anos depois, em 1890, na Criméia, ele descobriu que ambos os incidentes de doenças foram causados por um agente infeccioso extremamente minúsculo, capaz de permear os filtros de porcelana de Chamberland, criado em 1884 pelo microbiologista francês Charles Chamberland, algo que as bactérias nunca poderiam fazer. Ele descreveu suas descobertas em um artigo (1892) e uma dissertação (1902).
 
E os estudos continuaram, como a do microbiologista holandês Martinus Beijerinck, que repetiu os experimentos e ficou convencido de que a solução filtrada continha uma nova forma de agente infeccioso. Ele observou que o agente se multiplicava apenas nas células que estavam se dividindo, mas como seus experimentos não mostraram que era feito de partículas, ele o chamou de “contagium vivum fluidum” (germe vivo solúvel) e reintroduziu a palavra “vírus”. No mesmo ano, Friedrich Loeffler e Paul Frosch transmitiram o primeiro vírus animal por um filtro semelhante: o aftovírus, o agente da febre aftosa.
 
O quero mostrar, com esses três simplórios parágrafos, é a de que a PESQUISA CIENTÍFICA, ao longo da linha do tempo, foi que possibilitou a humanidade a avançar no combate a esse agente infeccioso submicroscópico que se replica apenas dentro das células vivas de um organismo e que ela, a CIÊNCIA, que veio do latim “scientia”, que significa CONHECIMENTO, é um dos pilares da civilização HUMANA.
 
Quando a CIÊNCIA é submetida à IGNORÂNCIA, o processo civilizatório fica ameaçado, pois o obscurantismo toma conta dos atos e vontades das pessoas, que se tornam mais afeitas aos profetas do atraso, muitos deles que se escondem na Bíblia, tornada, nesses dias sombrios, arma da horda que carrega o atraso e a visão obscura do que ocorre no mundo.
 
O BraZil é, dentre os países que formam a comunidade política mundial, expresso na Organização das Nações Unidas (ONU), com 192 dos 203 países do mundo, o PIOR em termos de comportamento governamental no que diz respeito ao combate da nova pandemia, a COVID-19.
 
É verdade que o desmonte da saúde pública já vinha sendo conduzido desde o governo Temer, a partir de 2016, inclusive com a colaboração preciosa do ex-ministro da Saúde, o conservador Luiz Henrique Mandetta, hoje um “soldado da ciência”, mas a ATITUDE do governo federal atual é completamente deslocada do que acontece no mundo.
 
O presidente “cloroquina”, como vem sendo tratado no mundo, arrasta uma cada vez menor legião de destrambelhados, todos movido pelo sentimento de raiva contra o “comunismo”, o inimigo imaginário dessa horda, e a falta de ações efetivas, na área sanitária, econômica e social, transformaram nosso debilitado país, a se tornar o epicentro, pelo menos na América do Sul, da COVID-19 e se tornou um pária da comunidade mundial.
 
Mas continua produzindo permanentemente uma política que facilmente pode ser caracterizada de genocida, pois está provocando milhares de mortes, que poderiam ter sido menores, caso a presidência assumisse a linha de frente no combate à COVID-19.
 
As consequências sociais, de curto, médio e de longo prazo, tendem a ser catastróficas e jogam o país, chafurdado por constantes crises políticas, patrocinadas EXCLUSIVAMENTE pelo presidente “cloroquina”, na desesperança dos milhares que estão à deriva, e isso torna mais perigoso o discurso simplista do obscurantismo, pois em meio ao desespero, as pessoas tendem a se dirigir para as lideranças que oferecem a salvação, e a história recente da humanidade está sortida de exemplos de como isso terminou.
 

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