Bia Crispim

22/05/2020 00h03
 
MAIO: Mês que lutas e vitórias TRANSbordam. 
 
 
Maio é um mês cheio de representatividade para muitos segmentos sociais. Para os católicos é o mês mariano, dedicado ao culto à Virgem Maria e, portanto, também, o mês das Mães; para muitas mulheres (também católicas) é o mês das noivas, mês ideal para casamentos; para os trabalhadores brasileiros, é o mês em que seu dia é comemorado; para os amantes de Fórmula 1, é tempo de lembrar a partida de Ayrton Senna.
 
Maio também é um mês representativo e de comemorações para a comunidade LGBTI+. Em 15 de maio, por exemplo, se comemora o Dia do Orgulho de Ser Travesti e Transexual. Essa data é alusiva à criação do grupo ASTRAL - Associação de Travestis e Liberados, que se tornou a primeira ONG de Travestis e Transexuais da América Latina. 
 
Fundado no dia 15 de maio de 1992 por 6 travestis (Jovanna Cardoso da Silva,  Jossy Silva, Elza Lobão, Beatriz Senegal, Raquel Barbosa e Munique do Bavier), consideradas as matriarcas do movimento nacional e latino-americano pró-comunidade LGBTI+, o grupo tinha como objetivo atuar no resgate da cidadania plena, lutar pela inclusão social e atuar no enfrentamento contra a violência cometida pela sociedade em geral contra a nossa população. Encabeçava também ações de conscientização e prevenção do HIV/Aids, e o apoio às pessoas soropositivas.
 
A criação do ASTRAL marca o início do movimento organizado em favor do direito à dignidade, à liberdade, ao respeito e à existência, sobretudo, da população travesti/transexual do Brasil. Um marco que precisamos comemorar todos os anos com muito orgulho.
 
Outra data importante para toda a comunidade LGBTI+ é o dia 17 de maio. Dia em que se comemora o Dia Internacional contra a Homofobia. A data foi escolhida porque, em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) excluiu a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). Ficou reconhecido que este comportamento não é um distúrbio mental, mas sim, apenas um traço da personalidade. 
 
O dia não marca só a luta dos homossexuais, mas também dos transgêneros, travestis, intersexuais e bissexuais. Uma data que também serve para a conscientização de quem não é LGBTI+.
 
Não bastando essas duas datas (por que ainda não bastam, mesmo), conquistamos outra vitória neste mês. Em 8 de maio deste ano, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional e suspendeu as normas do Ministério da Saúde e da Anvisa, que restringiam à doação de sangue por homens gays e bissexuais. Essa é uma data recente, mas não menos importante, no calendário de lutas que a comunidade LGBTI+ ainda precisa travar. Esse dia é efetivamente marcante para nossa comunidade pelo fator de dignidade humana que essa decisão do STF ratifica. 
 
Somos todxs iguais. Somos todxs humanos. O que nos diferencia são as formas como nos identificamos, como nos comportamos, como amamos e como agimos (seguindo nossas individualidades, nossos direitos de liberdade de ser). Quebramos paradigmas e saímos das caixinhas que nos aprisionavam/aprisionam, que nos tiravam/tiram a liberdade. Nós somos. E vamos comemorar muito mais vitórias que irão além do mês de maio.
 

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