Andrea Nogueira

23/05/2020 00h02
 
Pelo mais Pelo menos
 
 
Ano 2020. Século XXI. A igualdade de gênero nunca foi tão comentada. Os direitos das mulheres ocupam lives, tablóides, redes sociais pessoais e comerciais, jornais, rodas de conversas, salas de aula. Contudo, em tempos de comemorar conquistas que eram inimagináveis na década de 50, por exemplo, ainda vivemos sob um comando sutil do que seria certo ou errado no que se refere aos cuidados pessoais de uma mulher.
 
A estética feminina sempre foi influenciada por opiniões majoritariamente masculinas. A dona da sua identidade e do seu corpo, não tinha muito a opinar já que a sociedade sempre agiu sob comandos velados de uma mídia esmagadoramente preconceituosa e disposta a manter-se na chefia dos pensamentos e ações humanas. Assim, cada país tem características peculiares, e com relação às suas mulheres tem padrões pré-estabelecidos.
 
Para não ir muito longe, falemos do Brasil. Falemos da imagem que foi construída para o povo brasileiro com relação às suas mulheres. Assim, temos definida a mulher bonita, a mulher que merece respeito, a mulher que é digna dos olhares masculinos, dentre tantos outros perfis.
 
A construção dos perfis femininos não ocorreu de uma hora para a outra e hodiernamente sofre grande resistência, graças às mulheres donas do seu próprio nariz, assim entendidas aquelas responsáveis pelo seu sustento, suas finanças, seus negócios, suas decisões, que não precisam consultar a opinião masculina para decidirem suas vidas, seus projetos, seus destinos. 
 
Não só essas novas mulheres ajudaram a multiplicar os conceitos de bonita, digna, desejada. Os filhos delas já sinalizam a construção de um novo país. Aos poucos, estamos nos tornando um povo finalmente influenciado por pensamentos femininos, diferente do que ocorria no passado, onde somente homens eram pensadores, escritores, estudiosos e influenciadores de opinião. Aos poucos, as mulheres estão conquistando o direito de serem verdadeiramente livres. 
 
Ainda nessa linha de raciocínio quanto à liberdade feminina e quanto aos conceitos de bonita, digna e desejada, temos a polêmica questão dos pelos. Afinal, as piadas que cercam o assunto “mulher peluda” não tem a mesma força quando dirigidas aos “homens peludos”. Um assunto tão simples, tão básico, tão cheio de rótulos e preconceitos. E pobres daqueles que ousam mencioná-lo, pois serão imediatamente rotulados também. Pobre de quem diz: “deixe cada uma viver como quiser”. Este certamente será taxado de nojento (se for homem) ou peluda-mor (se for mulher). Mas no quesito CORAGEM as mulheres fazem um verdadeiro show, especialmente as conscientemente feministas. Elas não falam somente por si, falam por todas. E quem quiser julgar, fique à vontade. Pelo sim e pelo não pode ser um problema para alguém e vaidade para outros. Pelo sim, pelo não – a beleza, a dignidade e o desejo não nascem na ausência de pelos. Pelo sim, pelo não, sejamos livres e felizes. 
 

 


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