Cefas Carvalho

08/07/2020 00h02
 
Bendita a morte que é o fim de todos os milagres
 
 
Postei nas minhas redes sociais e também em grupos de Zap de amigos mais próximos que não desejava a morte de Bolsonaro por Covid-19, nem a dele nem a de ninguém, na verdade.
 
Fui bombardeado com ironias e piadas. Que eu havia me tornado uma Madre Teresa de Calcutá. Um amigo perguntou se eu havia me convertido à máxima de Cristo de "dar a outra face".
 
Os tempos estão tão estranhos que a pessoa deseja que quem ela detesta fique viva para ser desconstruída politicamente e pagar pelos seus crimes e isso é confundido com empatia e ´ser bonzinho`. Redes sociais em 2020 não são um bom terreno para fazer ponderações nem política. 
 
Até entendo o ódio e os instintos mais primitivos que Bolsonaro desperta. É um monstro, um canalha. Já desejou que Dilma Rousseff morresse de câncer ou infarto. Propôs fuzilamento de FHC. Celebrou no Congresso torturador que enfiava ratos em vaginas de mulheres torturadas. Bolsonaro merece nosso desprezo e indiganção. E hoje, negligencia a ri da morte de 60 mil brasileiros pela doença que ele afirma ter.
 
E não policio quem torce pela morte dele. Eu, como jornalista e cidadão, não embarco nessa. Filosoficamente não desjo a morte de ninguém. Nada de ingenuidade aqui. Não considero que morte seja o pior dos castigos. Acredito que pessoas tóxicas e canalhas devam ficar vivas tempo suficiente para pagarem pelos seus crimes.
 
É isso. Por mais que leve umas pedradas virtuais de gente bacana não vou aderir ao Fla x Flu moral que se abate sobre o Brasil desde a famigerada eleição presidencial de 2014. Pretendo combater os monstros sem me tornar um. E, repito, não considero a morte o pior dos males, nem para mim nem para os canalhas que nos governam.
 
Como cantou Manoel Bandeira em um de seus versos mais belos, bendita a morte que é o fim de todos os milagres. E o milagre a se atingir atualmente é manter o equilíbrio em um país como o Brasil. 
 

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