Luiz Gomes

07/08/2020 18h27
 
 
Desumanização do trabalho. Coisificação das pessoas. 
 
Em uma análise histórica percebemos que a sociedade vive em um momento de grande transição, em um caminho de múltiplas incertezas e tantas quantas as que resultam das transformações tecnológicas, sociais, econômicas, políticas e históricas, que confluem para reflexão e busca em transformar esses períodos de dúvidas sistemáticas na construção em favor do avanço internacional na defesa da dignidade da pessoa humana. Eis o desafio. 
 
Não é novidade e todos sabemos da influência e dos benefícios da era digital. Mas, percebemos que estamos cada vez mais numa crescente dependência, que nos conduz à total escravidão do uso das tecnologias ora existentes. 
 
É fato que podemos tirar vantagem desta imensidão de tecnologia e o máximo proveito possível, tomar os cuidados para não se tornar um escravo digital.
 
É verdade que essa rendição ao mundo digital, pode nos levar, e na maioria das vezes tem levado a cabo estes efeitos, que vão desde degradação dos relacionamentos familiares e sociais, chegando nos ambientes de trabalho.  
 
Precisamos compreender de forma inteligente e prática, que é essencial extrair o máximo proveito dos recursos digitais, manter a humanização no centro das suas bases, enxergar soluções como usuário das tecnologias disponíveis, se precaver e se libertar quando passarmos a ver como vício nocivo à sociedade e ao convívio familiar. 
 
A principal consequência disso para o mundo do trabalho, na compreensão do renomado sociólogo Ricardo Antunes, festejado conferencista sobre o tema, será a ampliação do “trabalho morto”, tendo a tecnologia e o maquinário digital como dominante e condutor de todo o processo fabril.  
 
Assim, podemos dizer e reafirmar que a coisificação das pessoas é a redução da humanização, com a consequente diminuição do “trabalho vivo”, ou seja, a plena transferência das atividades assalariadas e manuais para instrumentos e maquinários automatizados e robotizados, sob dominação dos senhores da era digital. “Como consequência, mais robôs e máquinas digitais invadirão a produção, tendo as tecnologias da informação e da comunicação como comandantes dessa nova fase de subsunção real do trabalho ao capital, inclusive no setor de serviços”, prognostica Antunes.
 
Ora, a transnacionalização da economia e do capital concentrou a lógica do capital financeiro, ou seja, cada vez mais é função gerar mais dinheiro, e não importa as consequências, sociais, ambientais e humanas. 
 
Lembro-me, quando foi encaminhada a proposta legislativa de reforma trabalhista, fortemente embargadora das proteções sociais, eu já dizia que a tecnologia e a exasperação da ganância capitalista nos levaria à nova escravidão, mirada nos Senhores Feudais, e retornaríamos aos tempos precedentes da Lei Áurea. Afirmava ainda, que a lei das terceirizações generalizantes era para legalizar a nova era Neofeudalista, ou seja era a legitimação da intrujice da fraude de outrora.
 
A saída para a atual desumanização e descivilizarão do trabalho das pessoas encontra importância na reconstrução de um Estado que priorize o bem-estar social com preocupações e prioridades à dignidade humana e à valorização social do trabalho, e o caminho é a humanização e pacificação social pelo trabalho digno.
 
Relevante finalizar afirmando que a humanização das relações laborais e sociais precisam voltar a ser de grande relevância para construção de uma sociedade lúcida, sadia e com prioridade para as pessoas em detrimento das coisas, e que a era digital não seja a era sem alma humana.
 
Desumanização do trabalho com a coisificação das pessoas traz a pusilanimidade do trabalho vivo em face da frieza digital.
 
 

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