Renisse Ordine

13/08/2020 00h02
 
Sendo a literatura para a elite, será que irão abolir também a linguagem popular dos livros?
 
 
Esses tempos não tem sido fáceis para pessoas que assim como eu, desejam um país mais democrático e que a educação e cultura sejam acessíveis a todos, sem distinção de classe, cor e raça.
 
A cultura é um bem público! E certa vez, participando de um debate, fizeram um questionamento: Será que realmente vivemos em uma República?  Para quem não conhece o conceito dessa palavra, ela significa sistema de governo no qual o povo é soberano e ele age para atender às nossas necessidades. E o que estamos vendo? O que é público sendo de questionável qualidade. Se você quer um atendimento e serviços melhores, tem que pagar. 
 
E a cada dia, mais direitos estamos perdendo. Direitos estes que dificultam o nosso acesso a uma vida digna em que poderíamos trabalhar e manter o nosso prazer em manter ou iniciar o caminho ao conhecimento. Pois sem trabalho e comida, o que sobre para o conhecimento?
 
A pretensão do atual governo em taxar livros é o ataque mais recente que a cultura recebe, em meio a tantos outros. Quando a fala de um economista cita que livro é um produto de luxo, por isso a “elite” deveria pagar por ele, já percebemos que algo está bem errado. 
 
 O Brasil é um dos países que mais cobram caro pelo livro. Somente quem trabalha com livros e o consomem, sente no bolso o quanto eles são caros, e aumentar seria péssimo. 
Contrariando a afirmativa do Ministro da Economia, não é só a elite que consome livro e cultura, e até mesmo, não são somente eles que sabem ler, que fiquem bem claro! Essa situação foi enfrentada no passado, onde a elite era a detentora de conhecimento e consumo de livros. 
 
Atualmente, há várias pessoas espalhadas por esse país que trabalham de forma voluntária para que mais e mais pessoas, principalmente crianças e jovens de menor poder aquisitivo se despertem para o mundo da leitura, e consumam muitos livros. Somente assim, eles poderão formar uma diversidade de pensamento e aprendam a serem críticos e não aceitarem o que é imposto. 
 
Outro fator que vale citar, dentro dessas desejosas mudanças, até a meio entrada que favorece e estimula idosos, profissionais da educação e estudantes a frequentarem museus e cinemas, por exemplo, também está nessa lista de taxação de “ricos”. 
 
Quando falo em passado, no século XIX, houve um movimento para que a leitura se tornasse um pouco mais acessível à população e também para que a literatura ganhasse uma característica mais popular, colocando fim no uso exclusivo da linguagem formal. Sendo a Semana de Arte Moderna de 22, o marco dessa transição e o inicio da aceitação da variedade linguística. 
 
Agora me pergunto: Como o livro voltou a ser considerado artigo de luxo e somente a elite o consome, então a próxima marcha ré, será abolir a linguagem popular?
 

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