Renisse Ordine

27/08/2020 00h03
 
Pesenha de ´Uma corruíra na varanda`, de Braz Chediak
 
Livro: ´Uma corruíra na varanda`
Autor: Braz Chediak 
Editora: Penalux
 
Somos como um álbum de fotografias, com todos os registros de nossas vidas, cada momento marcado está colado em nossa alma. Unindo, construindo e reconstruindo os pedaços. Ás vezes, organizados e outros despedaçados com os vazios que passamos.
 
Assim é o livro do autor Braz Chediak que percorre página por página de seu livro, nos contando suas histórias e recordações. Belas, muito belas, as crônicas de “Uma corruíra na varanda.”
 
De sua cidade natal, Três Corações, nos cantos das Minas Gerais, ele revive personagens de sua vida que, em contínuo movimento de suas memórias, ainda percorrem as empoeiradas ruas do Bairro da Cotia, um dos cenários de sua vivência.
 
Com grandiosa inteligência e vasta experiência, daquele que por muitos lugares caminhou e muitas pessoas encontrou, une suas crônicas, dividindo em etapas, ora dissertando sobre ele próprio:  seu passado, suas aventuras, escritores, músicas e pensamentos, sua carreira como cineasta ,outra contando histórias locais.
 
A filosofia presente, mesmo o autor não se considerando um filósofo, seguem nas considerações e questionamentos sobre o nosso atual cotidiano. Reflexões sobre a solidão humana diante de tanta informações e tecnologias, o congelamento da alma diante dos verdadeiros sentimentos. 
 
O que impressiona durante a leitura é o conhecimento que o livro proporciona e nos leva a viajar através da música e literatura misturados com as experiências de vida do autor que dedica, entre suas escritas, homenagens aos seus amigos, como Nelson Rodrigues, Leila Diniz, dentre outros, famosos ou não. Também citando escritores como o inglês Henry Miller e a francesa Simone de Beauvoir. Nessa relação entre as artes, as palavras parecem ditas, ao mesmo tempo que em podemos cantá-las.
 
“Para nós, velhos cronistas, o segredo é transformar em palavras as alegrias, as tristezas, as indagações, etc., etc., e reparti-las com os nossos leitores, mesmo que seja numa linguagem secreta. 
E nossa linguagem, nós nos compreendemos.”
 
Como uma ave corruíra, Braz Chediak passeia pelo mundo pisando em terras fortes, porém sem deixar suas emoções fluírem, sejam relembrando pessoas ou de sua varanda observando o mundo. Preenchendo página por página, com música literatura e memórias, onde todas se fundem em uma só vida, a sua própria em união com o som do universo. 
 

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