Eliade Pimentel

18/12/2020 09h20
 
Remédios curam menos e adoecem mais
 
Dentre as formas de consumismo que evito e combato no meu dia a dia, o uso exagerado de medicamentos ou os que se apresentam como tais, como os suplementos vitamínicos, tem sido uma das minhas principais bandeiras. Antes de pensar em uma solução caseira, como fazem e faziam nossas antepassadas (mães, avós, bisas e todas as outras que nos antecederam neste plano), as pessoas vão logo engolindo ou empurrando goela abaixo – em si ou na boca alheia - uma cápsula, ou gotas de um remédio ou doses de xarope. 
 
Esses dias, acometida de uma crise de rinite, que mais tarde evoluiu para uma rinossinusite, eu fui ao médico do posto de saúde e desde então venho tomando um antialérgico. Como fiquei bastante constipada, decidi não me rebelar e desde então venho tomando a medicação conforme prescrita. Logo no primeiro dia, veio aquela moleza e eu não consegui fazer quase nada. Sono e prostração, além de uma sensação de garganta e boca secas, exageradamente. 
 
Isto é, se entrei de cabeça no medicamento para ficar boa logo, eu me senti foi péssima. Pelo visto, o fármaco não se mostrou muito eficiente. Acordei, tomei minha água de limão como faço quase todas as manhãs e, diante de uma dor persistente nas têmporas, me toquei de que poderia ser uma crise de rinite associada à sinusite e fiz dois remédios naturais. Fiz um chá de alfavaca, cobri-me com um cobertor e inalei aquele vapor, para ajudar a desobstruir as vias respiratórias. 
 
A outra coisa foi macerar flor de colônia seca no próprio pé e colocar num frasquinho com álcool. De vez em quando eu dou uma cheiradinha, com uma narina por vez. Em tempo, as três soluções citadas são provenientes do meu quintal. Por bem, minhas amigas e meus amigos, tenho a convicção que essas mezinhas têm sido salutares na minha recuperação. Ainda estou com secreção, mas vou já ali na feirinha de frutas de Pium, que fica a 50 metros de minha casa, comprar óleo de coco, para tomar gotinhas de óleo com limão a fim de expectorar o que ainda me resta de secreções.
 
E assim, com dicas aprendidas com pessoas mais velhas, sejam da família ou não, ou absorvidas de livros, na internet e em rodas de amigos, eu tenho me virado há anos utilizando o menos possível de medicamentos vendidos em farmácias. A dica do expectorante natural de limão com óleo de coco aprendi em Baía Formosa. Uma senhora me ensinou a espremer meio limão e colocar umas gotinhas – mínimas – de óleo de coco para tomar em seguida. Já expectorei bastante dessa forma. 
 
Assunto recorrente na minha vida é a filha, de 17 anos, a qual considero um case de sucesso nesse sentido. Tão logo engravidei, busquei informações na literatura de vida natural que minha mãe colecionava e aprendi a ter uma gestação saudável. Na sequência, coloquei em prática os ensinamentos para a vida do meu bebê. Eu tinha cuidado com o que eu comia, visto que amamentavam, de modo que ela teve cólicas apenas duas vezes quando era recém-nascida. 
 
Curei com algumas gotinhas e o cheiro do chá de camomila morninho, que tem propriedades antiespasmódicas e ajudou a menina a liberar os gases. O chá associado àquela massagem conhecida como bicicletinha era pá, pum (literalmente). Até seus dois anos de idade, eu a levava regularmente à pediatra e, posteriormente, de forma pontual. Até que nos mudamos para a cidade de Goiânia (GO) e, com a mudança de clima, sua tendência à bronquite asmática veio à tona. 
 
Nas crises mais severas, fazíamos nebulizações com certa frequência. O uso de alopáticos fortes, que aceleram os batimentos cardíacos, me fez repensar essa prática. Voltei-me cada vez mais às soluções caseiras, a vida ao ar livre, aos passeios em áreas arborizadas com minha filhota e aos banhos de mar. Aos cinco anos, tive a atitude de matriculá-la na aula de natação. Seu primeiro professor, queridíssimo Tio Henrique, dizia-me que eu optei por um plano de vida para a garota. 
 
Dos 7 aos 14, ela não soube o que era consultório médico ou recepção de pronto-socorro. Desde a mais tenra infância, tão logo saiu do peito, eu a acostumei a comer frutas, a tomar sucos, a tomar sopas e comer saladas. E mesmo com seu “vício” por doces, ela é uma jovem saudável. Quando é pega por uma virose, é aconselhada por mim a ficar um pouco reclusa, reforça o sistema imunológico, toma extrato de própolis e fica boa logo, logo. 
 
Deixei para o final o verdadeiro abuso que tenho dos medicamentos de tarja preta e seu uso indiscriminado. Já perdi as contas de quantos foras eu já dei em conversas de mesa de bar quando me vejo “voando” no assunto, pois o povo deixara de falar amenidades para tratar de algo comum ao grupo, sobre o qual não me incluo nesse quesito: o consumo de psicotrópicos medicamentosos, principalmente os ansiolíticos. Ah, pessoas, façam-me o favor. 
 
Podem vir com seus discursos de que existem casos necessários. Talvez vocês até me convençam. Mas, não me digam mais nada. Vamos deixar a natureza provar por si. Enquanto isso, reguei hoje meu pé de colônia e meu pé de camomila, pois para me acalmar, somente essas ervas e aquela proibida, da qual faço uso esporádico. Aí sim, cara pálida. 
  

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