Pinto Júnior

18/01/2021 12h16

        Chegou a vacina. A enfermeira que atua na UTI(Unidade de terapia Intensiva), Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa a receber a dose da CoraVac em São Paulo. Hoje abre o cadastro de vacinação no RN. Dia histórico.

        Se olharmos para o mundo, estamos atrasados. Muitos outros países menos ricos que o Brasil, iniciaram antes a vacinação. Mesmo assim, este é um grande motivo para comemorarmos.

        A boa notícia traz uma simbologia especial. A primeira pessoa a ser imunizada é uma mulher. É negra. E é profissional da saúde. Um sinal de esperança diante de discursos parecidos com a narrativa da idade média.

        As mulheres são sinônimos de vida, a partir da maternidade. O fato de ser negra simboliza civilidade, em um país sustentado pela escravidão por quase 350 anos. Na área da saúde, enfermagem significa cuidado. Gol!

        Iniciar o processo de vacinação é importante porque vence o movimento da ciência. Porque derrota o discurso dos imbecil e obscuro. Vence a narrativa da vida contra os que defendem a morte... dos outros.

         A vacina é um freio na corrida da morte. Pode vir da China ou dos Estados Unidos. De Dória ou de Fátima. Primeiro a vida, depois o partido. Primeira a vida depois a geopolítica.

         Escrevo enquanto Cazuza canta: “Para o dia nascer feliz”. Para mim, o ano de 2021 nasce com esta notícia. Que as mulheres, os negros e os heróis da saúde recebam a vacina primeiro. Na fila, meu braço está nú e estendido.

        Belchior agora canta: “presentemente posso me considerar um sujeito de sorte, apesar de muito moço, me sinto são, salvo e forte(...)Tenho sangrado demais. Chorado para cachorro. Ano passado eu morri, mas este ano não morro”.  

        Chegou a vacina em São Paulo. É preciso que chegue aos três milhões e meio dos corpos potiguares. Os 167 municípios e o Governo do Estado, precisam agir em conjunto. Este ano não tem eleição. É o ano da união pela vacina. Pela vida.

         Pesquisa da V2 Data, de Lucina e Anfré Vitiello, aponta que entre os desejos do pós-vacina está o abraço. Este repórter não foi pesquisado. Mas ao ser vacinado, percorrerá os cafés e comunidades da cidade e abraçará até quem jamais abraçou. 

 

 

 


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