Liliana Borges

06/02/2021 00h02
 
 
TORRE DE BELÉM, Barra do Tejo…
 
Mencionei no artigo anterior que Belém faz parte do Concelho de Lisboa e é uma das zonas mais turísticas de Portugal, pois possui um riquíssimo patrimônio histórico e cultural, sendo assim, cabe várias histórias, contos e curiosidades sobre a região. Escrevi uma série de 3 artigos, o primeiro publicado foi sobre o Monumento dos Descobrimentos, este é sobre sua Torre e o seguinte será sobre o Mosteiro dos Jerónimos. 
 
Cabe ressaltar que como estamos na pandemia e o governo português tomou várias medidas necessárias para seu combate, nenhum dos monumentos podem ser visitados neste período, ficando para outra oportunidade relatar sobre mais algumas peculiaridades, como também, outros lugares interessantíssimos por esta freguesia… 
Sua denominação oficial é Torre de São Vicente ficando conhecida como Torre de Belém, dividida em 5 áreas: Sala do Governador, Sala de Audiências, Sala dos Reis, Capela e o Terraço. Ela foi classificada pela UNESCO em 1983 como Patrimônio Cultural da Humanidade e em 2007 foi eleita como uma das Sete Maravilhas de Portugal. Não poderia ser diferente, pois é conhecida como uma das belas Joias Manuelinas. 
 
O estilo Manuelino foi criado em Portugal no reinado de D. Manuel I no auge da expansão marítima. O monarca foi um grande apreciador de arte e, além disso, era muito vaidoso e fazia questão de ostentar as riquezas adquiridas de suas conquistas. Dizem que quando foi visitar o Papa Leão X, ele foi acompanhado do maior e mais rico cortejo que Roma nunca tinha visto, apresentando figuras exóticas e presenteando o Papa com artigos inimagináveis para época.
 
Um fato curioso foi que D. Manuel I nesta jornada iria oferecer ao Pontífice um rinoceronte que o rei da Cambaia, na Índia, tinha lhe dado de presente em 1514, inclusive foi considerado o primeiro animal desta categoria vivo pisar em solo europeu desde o séc. III, significado inestimável. Entretanto este morreu na viagem em decorrência do naufrágio ocorrido com a embarcação que o levava no largo de Gênova.
 
Em destaque, deixou o rinoceronte registrado como as belas figuras representadas na Torre de Belém em harmonia com outras imagens como a de Nossa Senhora do Bom Sucesso ou denominada Virgem do Restelo, devotada pelos navegantes em busca de proteção, e mais os santos de São Miguel, apontado como o anjo da guarda de Portugal, e São Vicente, padroeiro de Lisboa. 
 
Esta arte é uma variação do gótico e a mudéjar, ou seja, a mistura da arte portuguesa com a mourisca, em decorrência da influência árabe, povo que dominou a região por longo período. Esta combinação criou a arte manuelina, exclusiva no território português, que deu destaque a elementos referentes a suas conquistas e descobrimentos, como cordas que envolvem o edifício rematando com belos nós fazendo alusão as embarcações, esferas armilares, cruzes da Ordem Militar de Cristo e vários componentes naturalistas. 
A exemplo dos telhados das pequenas torres secundárias que são baseados na tangerina com seus gomos, fruto originário de Tanger que é situada em Marrocos no norte do continente africano onde o império português dominava várias cidades e castelos naquele período.
 
Este monumento foi construído no século XVI para defesa da barra do Tejo para proteger a capital do grande império marítimo aos ataques de piratas e nações inimigas. Quando edificada estava totalmente rodeada pelas águas do rio que facilitava a defensiva e, ainda, representava o poderio econômico português na altura, pois o país foi a maior potência marítima do mundo e quem por lá passava se intimidava com sua suntuosidade.
 
Posteriormente, foi modificando suas funções e perdendo o caráter defensivo conforme a evolução dos tempos e, assim, serviu como registro aduaneiro, posto de sinalização telegráfico, farol e a partir da ocupação filipina os seus paióis foram utilizados como masmorras, na invasão francesa foi adaptada para aquartelamento de militares, e ainda, utilizadas para encarcerar presos políticos e condenados tidos de alta categoria social.
 
O arquiteto da obra designando pelo monarca, D. Manuel I, foi Francisco de Arruda (1469-1512), iniciando sua construção em 1514 com sua conclusão em 1520. Atualmente é um belo patrimônio histórico e cultural visitado por milhares de pessoas que em bons tempos é um lugar disputadíssimos por turistas de todo o mundo formando grandes filas em sua volta.
 
Conhecer está região é imperdível, pois é como se tivéssemos a oportunidade de conhecer Paris e não visitar a Torre Eiffel, Rio de Janeiro e não apreciar o Cristo Redentor, Nova Iorque e não vislumbrar a Estátua da Liberdade…
 
É simplesmente, IMPERDÍVEL…
 

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