Liliana Borges

13/02/2021 00h05
 
MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS, Joia Manuelina…
 
Mosteiro dos Jerónimos é o terceiro artigo da série sobre Belém, tanto a Torre de Belém como este belo patrimônio foram classificados pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade no mesmo período em 1983, como também, ambos foram escolhidos e inclusos nas Sete Maravilhas de Portugal em 2007 com participação de mais trezentos e cinquenta mil portugueses. 
 
Em 1452 o Infante D. Henrique ordenou a construção da Ermida de Santa Maria de Belém, onde Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama e outros navegadores antes de suas jornadas faziam virgílias nos dias anteriores ao arranque de suas corajosas aventuras pelos mares, posteriormente, em 1496 D. Manuel I fez um pedido a Santa Sé para a construção de um mosteiro nesta área, iniciado a obra por volta de 1501 e levou quase um século para a conclusão de sua construção.
 
O Mosteiro foi construído no século XVI no auge da expansão marítima portuguesa seguindo o estilo da arte naquele período, considerado por muitos a maior e mais bela Joia Manuelina de todos os tempos e, seu nome foi em decorrência do monarca ter escolhido os monges da Ordem de São Jerónimo para o habitar e exercer suas atividades, em contrapartida rezariam pela sua alma e dariam assistência espiritual aos navegantes portugueses que de lá partiam para suas viagens em busca de novos territórios.
 
Mais adiante no século XIX ocorreu a extinção das ordens religiosas e o mosteiro foi entregue à Real Casa Pia de Lisboa que acolhiam e davam assistência aos desfavorecidos, inclusive aos órfãos contribuindo para sua educação que se tornou um orfanato/escola até 1940.
 
Ao longo dos anos houve muitos acontecimentos que fizeram sua história além de que muitas relíquias no seu interior foram perdidas, porém desde de 1907 passou a ser um Edifício de Interesse Nacional e, ainda, em 2016 teve o estatuto de Panteão Nacional. Atualmente “panteão” é um termo utilizado para mausoléu que abriga restos mortais de pessoas notáveis e entre eles estão Camões e Vasco da Gama.
 
Cabe, ainda, destacar a diferença entre mosteiro e convento, o primeiro é edificado fora do perímetro urbano e o segundo é construído dentro da cidade, porém com o crescimento e expansão das áreas urbanas inúmeros mosteiros atualmente estão dentro destas zonas, mas devem levar em conta o período de sua construção.
 
Na atualidade é um magnifico patrimônio com inúmeras obras de artes por toda a sua estrutura que enchem os nossos olhos com sua suntuosidade, visitados por turistas de todo mundo que ultrapassou mais de um milhão de visitantes em 2017. Cabe ressaltar que muitos não conseguem entrar no edifício por ser concorridíssimo e formar grandes filas em sua volta, consequentemente, não estão incluídos nesta contagem.
 
Seus portais são preciosíssimos, o portal sul é considerado uma das peças mais ricas da arquitetura portuguesa do gótico tardio e, o portal poente que é em menor proporção no seu tamanho é a porta principal do Mosteiro que ocupa a posição fronteira do altar-mor, ambos devem ser apreciados em conjunto como duas obras que se completam à glória de D. Manuel I.
 
Um fato curioso é que os saborosíssimos e renomados “Pasteis de Belém”, provavelmente, tenham sua origem neste local, pois na altura da Revolução Liberal foram encerrados todos os conventos e mosteiros no país, consequentemente, a expulsão do clero e trabalhadores, e assim, dizem que alguém buscando uma forma de sobrevivência passou a produzir e comercializar os respectivos doces na região que logo foi atribuída ao seu nome, tornando-se conhecidos com esta denominação.
 
Esta freguesia de Belém como mencionei em artigos anteriores é um local riquíssimo com seu patrimônio histórico e cultural e, nesta localidade possui muitas outras atrações que cabem ser visitadas como: Centro Cultural de Belém, Museu Nacional de Coches, Fábrica de Pasteis de Belém, Palácio Nacional de Belém, Museu da Marinha, Planetário…
E assim, ficará para outra oportunidade relatar outros cantos, recantos e encantos pelas belas terras portuguesas…
 

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