Evandro Borges

05/03/2021 09h25
 
As nossas fragilidades estão expostas
 
A situação da pandemia do coronavírus está estampando as  nossas fragilidades. Hospitais públicos e privados lotados, nem mesmo os caros planos de saúde, que esmaga os setores médios asseguram aos pacientes leitos com dignidade. A realidade de alguns países da América Latina, quando as pessoas morriam sem atendimento, chegou ao Brasil, mesmo com um SUS que acabou a indigência e uma conquista histórica, não consegue neste momento dar respostas que assegure a vida.
 
O panorama com mais de duzentos e cinquenta mil mortes enseja a união  do Poder Público em todas as esferas e da sociedade em defesa da vida, sem piorar a economia, revelado pela queda do PIB e das transformações neoliberais que estica a corda contra os mais vulneráveis, fragilizando ainda mais o tecido social, e com um governo que não é capaz de editar uma Medida Provisória para implantar a renovação do auxílio emergencial, quando neste país se utilizou tais medidas para todos os males, alguns delas sem atingir o supremo interesse público.
 
O funcionamento de muitas atividades humanas está proibido, todavia para manter a atividade econômica os meios de transporte são permitidos conduzir pessoas em completa aglomeração, contribuindo para expansão do coronavírus, demonstrando que o país não tem uma política de mobilidade urbana adequada e verdadeiramente de massas, aflorando a marginalização que é submetida à população, mostrando mais uma fragilidade.
 
A política de preços dos combustíveis levada a exaustão aos interesses de acionistas em uma concepção puramente neoliberal, de garantir lucros e liquidez nos mercados, em detrimento da população e dos interesses nacionais, e com a Petrobras plenamente recuperada e dando lucros, mas incapaz de ser um instrumento para contribuir na regulação de preços, que tanto interessa a economia do país.
 
A liberação exagerada de agrotóxicos, alguns até proibidos em outros países, quando, os grandes centros consumidores estão convencidos que a alimentação precisa ser saudável, e os produtos orgânicos com certificação começam a ganhar as gondolas dos supermercados, mais na frente, certamente, haverá dificuldades para a comercialização da produção brasileira, com consequências para a economia.
 
As fragilidades brasileiras em muitos segmentos de atividades revelam um quadro desafiador, que não é mais possível limitar e diminuir os investimentos  na seguridade social, como também, urge a necessidade de execução de políticas e programas públicas, respeitando o pacto federativo e a descentralização administrativa, capazes de gerar empregabilidade para fazer frente ao desemprego desenfreado que infelicita as famílias brasileiras.
 
 A governabilidade com o equilíbrio de receitas e despesas, austeridade, a busca pela eficiência, a capacidade de articulação, nenhum arroubo de intolerância e “negacionismo”, muito diálogo, busca permanente pela formação de consensos, posições moderadas, e a construção de um cenário de concertação, como tem sido Congresso Nacional com todos os solavancos, está na ordem do dia, podendo ser um caminho para se vencer as fragilidades duramente expostas.
 

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