Fábio de Oliveira

14/06/2021 00h08
 
A ancestralidade indígena por trás das festas juninas
 
 
Para muitos, a chegada do mês de junho é acender e pular fogueira na frente de casa, estourar bombinhas, comer pamonha, canjica e tantas outras comidas derivadas do milho. Não podemos esquecer das quadrilhas juninas que se apresentam nos bairros; todas aquelas cores e o clima festivo nos dias de são Pedro, são João e tantos outros “são” e “santos”. E o que tem a ver o milho com essa época?
 
A festa é indígena e é comemorada muito antes de ser apropriada e batizada pelos colonizadores com nomes de santos católicos, através das missões jesuítas. Nossos povos sempre comemoram no mês junho, em virtude de ser a época da colheita do milho e de fartura. Danças ao redor da fogueira, ritmos ao som de maracás se encontram aos cantos, encantando nossos espíritos em toadas ancestrais.
 
Em terras Krahô (TO), Guarani-Kaiowá (MS) e em tantos outros povos que vivem em diversas e distintas regiões da Pindorama, se celebram essa época de colheitas do milho, cada um com suas especificidades festivas, e aqui no RN não é diferente. Na comunidade dos Potiguaras de Sagi Trabanda, situada em Baía Formosa, é realizada nesse mesmo período do ano a Festa do Milho de Sagi.
 
O evento, composto por várias atrações, é articulado pela liderança local somado ao apoio do público externo. O Toré, ritual que envolve dança e espiritualidade, típico dos nossos parentes do Nordeste, é praticado na ocasião da festa como meio de agradecimentos. Além dos milhos cozidos e assados, outras comidas típicas, como macaxeira e batata, são produzidas no evento que vai até o dia amanhecer.
 
Nesse processo contínuo de apagamento das nossas culturas e negação dos nossos direitos originários pelo (des)Governo em vigor, o ato de conhecer, apoiar e participar destas celebrações é de extrema importância. Seja na festa do milho em Sagi, da batata no Catu, da castanha no Amarelão; isso contribui significativamente para visibilizar as nossas lutas.
 
Infelizmente, ainda não tive oportunidade de prestigiar essa importante festividade no Sagi, que é de suma importância para o fortalecimento cultural e étnico dos povos do RN. Essa época do ano vai além de usufruir deliciosas comidas feitas de milho e prestigiar quadrilhas juninas.
 
Que reconheçamos o valor e a riqueza das nossas culturas originárias. O que festejamos, nossas falas e tantos outros costumes, são influências de nossos povos.
Reconhecer é o primeiro passo para fortalecê-los!
 

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