Wellington Duarte

17/07/2021 17h53
 
COMO UM VOTO IRRESPONSÁVEL ENFRAQUECE A DEMOCRACIA : O CASO DO RN
 
Antes de mais nada vamos apresentar os nobres deputados federais do Rio Grande do Norte.
 
Benes Leocádio (PTC, hoje na sucursal da IURD, o REPUBLICANOS), 125.841 votos (7,82%)
 
Natália Bonavides (PT) - 112.998 (7.02%)
Mineiro (PT) - 98.070 (6,09%), substituído por Beto Rosado (PP), 71.092 votos
João Maia (PR) - 93.505 (5,81%)
Rafael Motta (PSB) - 82.791 (5,14%)
General Girão (PSL) - 81.640 (5.07%)
Walter Alves (MDB) - 79.333 (4,93%)
Fábio Faria (PSD) - 70.350 (4,37%), substituído por Carla Dickson (PROS)
 
Nas eleições de 2018, para deputados federais, 356.617 ou votaram nulo ou em branco, o que dá 18,13% e, somados aos que se abstiveram de votar, 406.098 (17,12%), veremos que dos 2,7 milhões de potiguares aptos a votar, mais de 762 mil se negaram a sequer participar do processo ou se omitiram, ou seja, de cada 10 eleitores norte riograndenses, 4 não exerceram seu direito de voto, cabendo aos 6 restantes escolher os deputados federais.
 
Hoje, 2021, a bancada está diferente, no lugar de Mineiro está o rebento de Betinho Rosado, Beto, que se candidatou depois que o pai teve a candidatura rejeitada pela justiça eleitoral e a pendenga continua até hoje. E no lugar de Fabio Faria, que foi puxar o saco de Bolsonaro como ministro das Comunicações, colocado lá por Silvio Santos, especialista em puxar saco de governante, entrou Carla Dickson, uma evangélica furibunda, esposa do cloroquinista Albert Dickson, propagador do “tratamento precoce”, eleita com 7.924 votos para a Câmara Municipal de Natal em 2016 e que forma a bancada reacionária do RN.
 
Parece ser evidente que a qualidade dos chamados “representantes do povo”, vem caindo sistematicamente, embora a qualidade do voto nunca foi grande coisa, mas parece que piorou muito nas duas últimas legislaturas.
 
As velhas raposas, como João Maia, que pulam de governo em governo, não tem dificuldade em aliar-se aos que estão no poder, mas ele é claramente um liberal e não importa em que partido esteja, suas ideias são amplamente conhecidas; Walter Alves, que vem se elegendo deputado federal desde 2006, é porta bandeira do clã dos Alves, que tem a característica de operar como camaleão, que podemos adocicar e chamar de “pragmatismo”, embora o MDB local seja conservador por natureza; Rafael Motta, pela segunda vez no mandato, também é filho de um chefete local, Ricardo Motta, que também pula de galho em galho, mas que tem demonstrado uma tendência progressista, votando com os interesses populares.
 
Ele e Natália Bonavides sãos os únicos que mantem uma postura progressista, visto que os “estreantes”, Girão, uma anomalia eleitoral, produzida sabe-se lá por quem, e Benes Leocádio, um político de escalão inferior, mas que subiu meteoricamente, elegendo-se como mais votado, algo que não é surpresa, pois os potiguares costumam dar votos em anomalias e aberrações políticas.
 
Girão, Beto, Carla, Benes e, às vezes, Walter, tem dado apoio à destruição do Estado brasileiro e tem se alinhado a Bolsonaro, alguns com sofreguidão, como Girão e Carla e outros talvez por convicção, como é o caso de Benes, que nessa semana sugeriu o fim do Consórcio Nordeste, que, atuando em conjunto, tem possibilitado a chegada das vacinas aos nordestinos.
 
Provavelmente Benes segue a cartilha do “modus operandis” de fazer política no RN, dominada pelo anacrônico localismo, e como parecer ser candidato ao governo, em 2022, já prática a canalhice política para marcar posição para o segmento mais reacionário, que não é pequeno, do eleitorado potiguar.
 
Esses deputados, em sua maioria, apoiaram o Golpe de 2016 e todas as desgraças subsequentes como a Emenda Constitucional 95, a destruição das relações de trabalho e do sistema previdenciário público brasileiro, além de terem, pelo menos em parte, abraçado a cruzada medieval de Bolsonaro e se calam diante do festival de irregularidades já evidenciados pela CPI da COVID.
 
Agora estamos em pleno debate sobre a destruição do serviço público brasileiro, chamada de forma calhorda, de reforma administrativa. Talvez esses deputados ignorem a importância do serviço público e dos seus agentes, os servidores públicos, mais de 220 mil no RN, a maioria deles servindo as prefeituras, mas os eleitores, espero eu, não podem desconsiderar o que esses “representantes do povo” farão no decorrer do debate e como votarão.
 
Porém, a melhor forma de retirar essas anomalias é votar de forma menos cretina; de votar mais pelo interesse da sociedade e menos pelo interesse do seu nariz. Dessa forma essa representação, que piora a cada legislatura, poderá, um dia, ser, de fato, uma representação do povo.
 
Quem viver verá
 

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