Wellington Duarte

31/07/2021 03h41
 
Bolsonaro, o parlapatão fascista ameaça a república
 
Marquem essa data: 29 de julho de 2021. 
 
Dia em que um presidente da república, eleito por um processo eleitoral que começou a ser implementada em 1996 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, de lá para cá, nenhuma destas teve algum tipo de prova que é passível de fraude, utilizou um veículo público para mentir de forma descarada. Atentem para essa informação: EM VINTE E CINCO ANOS NUNCA FOI COMPROVADA NENHUM TIPO DE FRAUDE CONTRA ESSE PROCESSO.
 
Pois bem, dito isso, vamos nos remeter à data colocada no começo do texto. O Mandrião, termo utilizado para, de forma erudita dizer que esse presidente da república faz de tudo, menos trabalhar em prol da nação, na TV Brasil, utilizou uma tevê estatal para mentir durante quase duas horas.
 
Num misto de canalhice e delírio, o presidente afrontou todos os decoros presidenciais, o que aliás não é surpresa porque decência é palavra desconhecida no dicionário desse sujeito, utilizando linguajar rasteiro e mostrando “provas” de que teria havido uma fraude nas eleições de 2018 e 2014, um despautério que só é possível porque o procurador-geral da República, o senhor Aras, é omisso e olha para o outro lado quando o Mandrião comete crimes diários.
 
Enquanto Bolsonaro rugia na sua rede, utilizando um meio de comunicação estatal, volto a insistir, alimentando sua caterva e incitando seus acólitos a irem às ruas para relinchar as sandices do seu “führer”. Não deixa de ser simbólico que um elemento, que nunca serviu para nada, eleito por alianças estranhas, que nunca foi relevante e que, por uma ambição desmesurada dos setores empresariais mais reacionários, chegou à presidência e agora cospe na Constituição, tenha transformado esse país num chiqueiro. O BraZil está literalmente na sarjeta.
 
Para comprovar que este sujeito desqualificado afronta os princípios republicanos liberais, que é a tal “independência entre os poderes”, foi o fato que enquanto Bolsonaro regurgitava suas mentiras, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentia o mandatário da nação (sic), algo inédito desde a redemocratização desse país.
 
E é simbólico que o Mandrião tenha recorrido ao seu “exército de reserva de palhaços sombrios”, para justificar duas horas de sem-vergonhice. Utilizou um vídeo um astrólogo que já fez acupuntura numa árvore, Alexandre Chut, cujo conteúdo, distribuído pela irmã da médica negacionista Nise Yamaguchi, Naomi, beira o realismo fantástico.
 
O fato de o presidente da república reunir a imprensa para promover uma patuscada usando um canal estatal, acompanhado de dois militares, o patético Heleno, chefe do GSI e Luiz Eduardo Ramos, da secretaria-geral da presidência, acompanhado do ministro da Justiça, Anderson Torres, deveria ser motivo suficiente para que a Procuradoria Geral da República (PGR) entrasse em ação e enquadrasse esse meliante, mas é pouco provável que isso aconteça, pois o procurador-geral, o senhor Aras, para identificar os crimes, diários, do presidente, parece ter uma enorme dificuldade.
 
Responsável direto pelas mais de 554 mil mortes, Bolsonaro parece um zumbi errante, vagando nos seus delírios e apavorado com a possibilidade, concreta, de que, se não for reeleito, responderá por tantos crimes que provavelmente terá de passar um bom tempo defendendo-se da possibilidade de ser trancafiado, junto com seus rebentos mafiosos e a alguns membros da caterva que está no aparelho de Estado. 
 
Pode se perguntar se o desvario de Bolsonaro, nessa quinta (29), tem a ver com o fechamento do acordo com o “centrão”, o que lhe daria mais folego político e impediria que um provável processo de impeachment prosseguisse, embora até o momento o melhor defensor de Bolsonaro é o próprio presidente da Câmara, Artur Lira, o “enrolador da república”. Mas são meras suposições, pois Bolsonaro é um sujeito que tem um propósito, estabelecer uma ditadura, mas que, felizmente, tem sido enfrentado por uma resistência que parece tomar fôlego.
 
 

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