Renisse Ordine

12/08/2021 00h09
 
Resenha: Joelma- Antes da Escuridão: Entre a ficção e a trágica realidade do Edifício Joelma
 
 
Constantemente tomamos conhecimentos de trágicas noticias pelos meios de comunicação, são histórias, em grande parte, horripilantes, que fogem a nossa compreensão e realidade. Diante disso, o escritor, mestre da literatura fantástica brasileira, J.Modesto, utiliza-se desses fatos para recriá-las de modo a unir fantasia e o terror para justificar tais acontecimento, para ele nem tudo é simples obra do destino, como aparenta.
 
Assim, baseia-se o livro “Joelma, Antes da Escuridão”, em que o autor se utiliza de sua incrível imaginação para fazer uma releitura do que seria a verdadeira justificativa do mais famoso incêndio ocorrido na capital paulista, no Edifício Joelma, em 1974. O qual, em 1972, estava erguido, o Edifício Andraus. Um local que estava destinado à tragédia. 
 
“Localizado a apenas algumas centenas de metros do Vale do Anhangabaú, no coração da cidade, na Rua Santo Antônio, o gigante concreto revestido de pastilhas verdes e janelas recuadas, formando largos parapeitos, destacava-se das demais construções ao redor. Finalizado há cerca de dois anos, o imponente Edifício Joelma foi imediatamente alugado e ocupado por um Banco... Com os seus vinte e cinco andares, o Joelma é um dos mais modernos edifícios da cidade, o que praticamente apagou da memória de seus usuários o episódio ocorrido com o Edifício Andraus, há cerca de dois anos, que ardeu em chamas por várias horas, colocando muitas vidas em perigo.”
 
No enredo, o autor retorna há 26 anos, onde neste local residia uma viúva com seus três filhos, sendo duas mulheres e um rapaz, em uma São Paulo que estava dominada por demônios que estava à caça de treze almas, a fim de poderem fortalecer os seus poderes malignos. 
 
Para cumprirem os seus obscuros objetivos, os demônios dominam os corpos de suas vitimas e as levam a cometerem crimes bárbaros. Devido a isso, acontecimentos sobrenaturais, mortes de freiras e padres, possessões e exorcismos tornam-se noticias de capas nos principais periódicos da capital. 
 
Como também, rotinas como a do delegado Afonso e do professor Paulo, são negativamente alteradas pela intromissão desses demônios que buscam, unicamente, o poder. 
O professor Paulo, filho da viúva e residente da casa construída sobre o local que veria a ser palco de inúmeras mortes, torna-se um alvo fácil desses seres malignos, por ser uma pessoa emocionalmente fraca. Em troca da tão sonhada paz, ele se submete aos pedidos de um amigo sobrenatural, chamado de “Olhos Vermelhos”, que ordena a construção de um poço, fato que orienta todo o enredo da ficção.  
 
Os episódios que ali sucedem ficam conhecidos como o “CRIME DO POÇO”, onde nenhuma edificação desse espaço estará livre de um trágico final. 
 
Sobretudo, o livro “Joelma, antes da escuridão”, vem a ser, de certo modo, uma  justificativa aos  boatos que ainda rondam esse local, onde hoje está localizado o edifício “Praça da Bandeira”. Após duas tragédias, centenas de pessoas que por ali circulam, segue a superstição em seus relatos, de que aquele lugar é um espaço amaldiçoado, e narram diferentes fenômenos que já dizem ter presenciado. 
 
 

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