Wellington Duarte

21/08/2021 14h58
 
O RN entre o avanço e a caterva do atraso: Quem escolher?
 
Como se governa o BraZil? Como fazer esse país avançar? Como voltar a ser uma democracia representativa, aliás, como renovar essa democracia mambembe? A fragilidade desse sistema político foi exposta, nas suas entranhas, pelo Mandrião e sua caterva. Os alicerces da democracia se mostraram frágeis. Basta lembrar a construção da deposição da presidenta Dilma, para se perceber que a democracia braZileira tinha, e tem, enormes “buracos”, que, em algum momento precisarão ser preenchidos.
 
O fato é que a complexidade desse país, que para mim ainda não se formou como nação completamente, tem revelado que os “braZis”, sem um sistema político minimamente articulado, continuará navegando em águas turbulentas, com os chefes dos executivos tendo que rebolar para governarem.
 
Se na esfera federal os problemas estão à mostra, na esfera local essa turbulência permanente tem raízes profundas, que não serão resolvidas, como nunca foram, por articulações políticas. O “realismo político” do dia a dia, com as lideranças apresentando suas “contas” via cotas de preenchimento de cargos, torna a administração pública quase uma aventura quixotesca. 
 
Fátima Bezerra foi candidata de uma coligação pequena e de pouca densidade eleitoral, pois o tamanho ideológico do PCdoB infelizmente não transparece nas suas votações e o PHS nem sequer existe mais, literalmente “engolido” pelo PODEMOS (ex-PTN). No primeiro turno, é sempre bom lembrar, teve 46,2% dos votos, contra Carlos Eduardo Alves, de uma poderosa coligação (MDB/DEM/PDT/PR/PODEMOS/PP/PTB), que teve 32,0% dos votos. Foram as articulações políticas, que permitiu uma vitória estrondosa de Fátima (57,6% x 42,4%) no segundo turno.
 
Ocorre que seu partido só elegeu 2 dos 24 deputados estaduais, ou seja, a tarefa de governar dependeria, de novo, de novos acordos, inclusive com adversários históricos. Até há alguns meses a governadora conseguiu arregimentar 14 deputados: o PSDB (2 deputados), PL (3 deputados), PSD (2 deputados), PSB (2 deputados), MDB (2 deputados) e Republicanos (1 deputado), além dos 2 deputados do PT.
 
Mas essa maioria, agora, está sujeita às candidaturas das velhas catrevagens e dos novos oportunistas, e isso faz balançar o apoio dessa maioria, que basicamente precisa ser refeita todos os dias.
 
Entender como se movimenta a governadora, e o seu partido, nesse xadrez, é importante, inclusive para seus aliados mais próximos, pois a base de qualquer governo é a solidez do apoio, nesse caso traduzido em votos e força política, derivada desse voto. 
 
Um governo não se sustenta sem a velha concessão de cargos, mas é a sua postura no trato das questões que envolvem os desafios de fazer crescer um estado combalido financeira e economicamente, que mereceria a decisão de apoiá-la ou não. 
 
Ainda existem aqueles apegados ao tradicionalismo dos apoios, achando que os governos têm, por obrigação, atender a favores específicos, ou pelo menos colocar um apadrinhado seu aqui e ali, como se isso gerasse a solidez de uma aliança. Na tradição política local, cunhada pelo clientelismo, é preciso entender esse tipo de postura, mas se quisermos fazer avançar a boa política, seria necessário ultrapassarmos isso.
 
Obviamente que as alianças, necessárias para a sobrevivência política, poderão, inclusive afetar as alianças de agora, mas o jogo não está dado e a natureza das alianças está sendo escrita, o que talvez implique em aproximações e afastamentos decorrentes da dinâmica do jogo.
 
A esquerda potiguar, hoje basicamente circulando em torno do PT, PCdoB e PSOL, tem caminhos que ainda estão por se delinear, mas o maior partido da esquerda, o PT, já está em movimentação e o velho hegemonismo, próprio dos grandes partidos na construção das alianças com seus pretensos parceiros, está, como sempre esteve, presente, o que não deveria descabelar nenhum dirigente que compreenda a tal “correlação de forças”
 
A grande pergunta que deve ser feita a quem se diz de esquerda é, mesmo diante de muitas contradições e amuamentos, deve-se apostar na reeleição de um governo que está fazendo o máximo do mínimo que dispõe para diminuir as mazelas a que está submetido ou deixar que a caterva bolsonarista, fisiologista e corrupta, retoma as rédeas do governo e instale um chiqueiro político no RN.
 
Simples assim.
 

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