Liliana Borges

25/09/2021 00h49
 
CAMINHADAS DE VERÃO, Margens do Tejo…
 
Caminhar faz muito bem ao corpo, a mente, aos nossos sentidos…
 
Ao longo dos percursos a natureza sempre marca sua presença e muitas vezes pincelada com belas edificações complementam a paisagem, pois a beleza do ambiente ilumina nossa alma que nos fortalece com novas energias e alimentam o nosso espírito. 
 
E por estas Terras Lusitanas, uma caminhada rotineira é comum depararmos com o antigo e o novo, o passado e o presente, juntos compondo o mesmo cenário harmonicamente. Pertinho de minha residência a cerca de 5 Km está situado Alcochete em uma das margens do Rio Tejo, aproximadamente 36 Km de Lisboa, onde gosto muito de praticar a modalidade.
 
No caminho vou apreciando o panorama a minha volta como o rio, os pássaros, monumentos, o verde constante, o azul celeste, o espetáculo do crepúsculo e até mesmo os passantes. Usualmente alterno meu roteiro ou o horário da atividade, assim, vejo o ambiente em outra perspectiva e naturalmente me surpreendo com mais uma descoberta e novas emoções. 
 
Uma destas caminhadas mudei um pouco meu trajeto e me deparei com o Poço de São João que por sinal muito bem protegido por uma estrutura de vidro, metal e mais uma placa chantada explicativa, onde nos reporta ao século XV, datado de 1498 sendo a referência mais antiga que se conhece, nem o Brasil tinha sido descoberto. Este foi o principal ponto de abastecimento público de água na região durante vários séculos e daí a localidade ficou conhecida como o Largo do Poço.
 
Outro dia entrei na Igreja Matriz, Igreja de São João Baptista, localizada no centro da cidade que aproveitei minha caminhada para conhecer e conversar um pouco com Deus. É um belo edifício de traça tardo-gótica, provavelmente construído no século XV conforme o registro no local.
 
Em outro momento observei no “Passeio do Tejo”, a Igreja da Misericórdia, um imóvel da segunda metade do século XVI, o qual ainda nem mesmo havia parado para ler a descrição contida na placa, onde menciona que segundo a tradição oral, terá suplantado a antiga capela do Palácio dos Infantes de Beja, no qual nasceu D. Manuel I, em 1469. Atualmente está sendo restaurada.
 
Mais adiante, a suntuosa estátua de D. Manuel I. O monarca nasceu em Alcochete, pois em decorrência de epidemias na capital do reino na altura dos séculos XIV e XV levou a realeza residir na localidade. Ele é nominado como “O Venturoso”, quem governou no período dos descobrimentos sendo considerado um dos mais ricos e poderosos impérios daquele tempo.
 
Ainda, em outra oportunidade que a maré estava baixa me possibilitou a admirar o trabalho árduo dos colhedores de amêijoas, o qual é muito bonito de ver, trabalham cavacando o solo repetidas vezes com muita rapidez e habilidade. Amêijoas é uma espécie de molusco, inclusive possui trinta por cento mais proteína do que o mexilhão, a iguaria é muito apreciada na região.
 
Mudando novamente o horário de minha caminhada fui presenteada como mais um espetáculo da natureza que é o pôr sol visto desta margem do Tejo, as luzes de Lisboa a acender ao fundo e as luzes de Alcochete complementando o panorama.
 
Ademais as ruelas aconchegantes nas imediações com seus restaurantes e cafeterias a funcionar ao todo vapor, a noite chegando para ocupar seu lugar com o movimento dos passantes, o burburinho das pessoas ao som do tilintar dos talheres e cheiro agradável das iguarias portuguesas. Tudo isto aguçando nossos sentidos… 
 
E assim, por aqui vou conhecendo cada recanto que me alegra, conforta meu espírito e desperta meus sentimentos. Conhecer outros lugares não necessariamente precisamos viajar e sim apenas perceber um pouco mais o que está sempre a altura dos nossos olhos…
 

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