Andrea Nogueira

04/11/2021 00h10
 
 SAUDADE
 
Nessa primeira semana de novembro vivemos um tempo de muita reflexão e saudade. Graças ao chamado “dia de todos os santos”, ou “dia de finados”, instituído por uma tradição da Igreja Católica desde o século X, o Brasil inteiro lembra, mais fortemente, de pessoas que morreram.
 
Cada um com sua dor, sua saudade, angústias e esperança. Tudo na proporção que sua forma de vida, cultura, meio social e crenças permite desenvolver. Finados é FIM para alguns, INÍCIO para outros, MEIO para muitos.
 
Para aquelas pessoas mais sensitivas, é possível apalpar a emoção e comoção que se derramou sobre todo o país nesses últimos dias. Seja qual for o motivo da despedida, existe dor. Se haviam sentimentos para ajustar, se haviam pendências ou palavras não ditas, existe dor.
 
Existe dor também quando existia amor, amizade, paixão, cumplicidade ou qualquer outro sentimento, mesmo que não precisasse de reparos.
 
Na saudade existe dor que se apalpa e/ou dor que se contempla. Tudo dependerá da forma como encaramos a despedida.
 
Trazendo o COVID para a reflexão, lembramos que, no Brasil, mais de 608 mil pessoas morreram devido a este mal. Já faz tanto tempo que paramos de contar em dezenas que chego a me perguntar se nosso consciente ainda capta o que é 1.000 (mil). E será que a população brasileira ainda capta o que é 608 mil?
 
As mortes praticamente pararam depois que a vacinação foi massificada. E por mais que haja enfermidade, internações em hospitais ou tantas outras complicações causadas por esse terrível vírus, as mortes diminuíram. Em muitos lugares chegou a zerar.
 
O que seria do Brasil sem a vacina? O que seria do mundo?
 
Sentindo muita pena daqueles que esbravejaram contra a vacina e sua eficácia, encerro cada dia dessa semana banhada de saudades. Ao tempo que sinto pena, diminui o meu respeito por todos os que negam ou negavam o poder da vacinação. Me convenço que não quero essas pessoas decidindo meus direitos ou o futuro do meu país. Não quero essas pessoas na minha mesa de jantar ou no meu terraço num final de tarde. Não vou esquecer dos 608 mil, nem desconsiderar a dor dos familiares e amigos de cada um deles. É com essa consciência viva e palpitante que pretendo continuar a lutar por um país mais humano. Isso tudo porque sou uma pessoa comum e desejo que pessoas comuns sonhem e lutem comigo.
 
Assim, encerro as linhas dessa semana trazendo a dor e a esperança a todos os que sentem saudade. Trago também um convite: de não esquecer dos lutos distantes e invisíveis. E que a saudade seja combustível para cada brasileiro que deseja mudanças positivas para o seu país.
 

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