Cefas Carvalho

18/11/2021 09h38
 
Ciro Gomes: O não-político que vive hoje na ´Cirolândia` 
 
 
Não sou dos que gostam de falar mal de Ciro Gomes. A ficha do cidadão merece respeito: Foi deputado estadual, deputado federal, prefeito, governador do seu estado (Ceará), ministro em gestões diferentes. Entende muito de Economia e tem uma oratória das mais inteligentes e poderosas.
 
Mas com tantas qualidades no currículo nunca conseguiu passar de um terceiro lugar nas três vezes que tentou a presidência da República. Isso deve ter deixado marcas e mágoas nele que de tempos para cá transformou a oratória firme em mera metralhadora verbal e aleatória.
 
Isso é, não tão aleatória. Ciro tem um algo preferencial: Lula e o PT. As mágoas que guarda por não ter sido - da forma que ele querida - o ungido de Lula (então preso) em 2018 e preterido por Fernando Haddad (que foi para o segundo turno) fizeram com que o cearense tenha hoje mais ódio do PT do que de Bolsonaro, a quem também crítica sem dó e sem piedade.
 
Em pesquisas recentes Ciro marcou 7% de intenção de voto para presidente (tece 12% dos votos em 2018) abaixo mesmo de Sérgio Moro, com 9%. Lula e Bolsonaro, claro, polarizaram a disputa com sobras.
 
O que me fascina em Ciro é como ele, tão experimentado decidiu não fazer mais política. Política é a arte de dialogar, de ceder, fazer planos. Ciro não quer nada disso. Quer só criticar, soltar sua bílis que cada vez aumenta mais. Não tem a confiança dos eleitores da Direita e nem os da Esquerda, já que bate em todo mundo. 
 
Outro ponto que me espanta nele é sua ausência de eventos, lugares, de contato com pessoas. Lula é um fenômeno neste sentido, transita desde ser recebido por chefes de Estado e políticos da Europa, como agora, sempre foi visto em peças teatrais, shows, eventos de rua e manifestações.
 
O próprio Bolsonaro, um monstro, um sociopata, como sabemos, tem a prática de ter contato com gente, embora à moda dele, de tiozão imbecil de churrasco (ops) mas, sempre em contato com as pessoas, sempre entrando em estabelecimentos comerciais, interagindo, organizando as motociatas dele para comemorar os 600 mil mortos por Covid.
 
Enfim, da maneira deles Lula e Bolsonaro interagem com pessoas. Ciro, não. Ele não dialoga com a classe política, não vai a eventos de qualquer natureza. Isolou-se na ´Cirolândia` onde ele é o gênio que vai tirar o Brasil do buraco e todos os demais, para usar termos que ele usa, são pilantras, delinquentes, filhos da puta.
 
Na Cirolândia da cabeça dele, será o próximo presidente. No Brasil real tem que torcer para chegar pelo menos a 10% dos votos. E se houver segundo turno decidir se ficará ou se viaja para Paris novamente.
 

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