Emanuela Sousa
21/11/2021 10h50
Mensagem na caixa postal.
Essa é a última vez que me dirijo ao telefone para cometer tal ato de coragem insana... afinal, já tem um tempo que não conversamos. E você, por outro lado, age como não se importasse com a minha existência.
De repente tu se tornou fria comigo, e eu revestida de armaduras, procurava uma comunicação, um jeito de quebrar o gelo e desembaraçar as mágoas.
Porque estou fazendo isso? Pensei comigo, com o telefone em uma das mãos. Trêmula e insegura. E não encontrei uma resposta concreta. Só senti um impulso.
"Vai, manda a mensagem, diz o que você quer dizer e não olhe para trás." Respirei fundo e... puft! A mensagem foi enviada.
Agora já era... Enfiei o aparelho celular dentro da bolsa e segui a Avenida Rio Branco rumo ao meu trabalho.
Em meio a tantas coisas embaralhadas que disse, lembro de dizer algo ficou marcado final: "...Caso você não queira me responder, está tudo bem. Fique em paz. O importante é que estou tranquila e em paz comigo mesma."
Como uma mensagem deixada na caixa postal, eu soltei o que estava segurando. O que lá atrás me prendia hoje, não tem mais peso.
Toda via, do outro lado da linha a gente nunca saberá como o outro reage. Se vibrou com sua mensagem, se fez pouco caso, se os olhos brilharam ou se não surgiu efeito... Nunca saberemos.
As pessoas são sempre cheias de sinais confusos, e nunca sabe o que esperar delas. O que se passou no coração daquela moça, logo após ler este longo recado meu, ainda é uma incógnita.
Havia um rio de mágoa que corria ao nosso lado. Preso entre as pedras encontravam-se restos de afeto, carinho, consideração mas, perdemos boa parte no meio do caminho.
Quanto a resposta? Para a minha surpresa, ela respondeu mais cedo do que eu imaginava. Ainda de forma rude, na defensiva, mas com um ar de curiosidade para saber o que estava acontecendo, o porquê da minha volta.
Como é difícil abaixar as armas de quem está ferido, e tira-lo da posição de confronto. Era como se eu estivesse entrando em um campo de batalha, mas precisava ir com as mãos para o alto, para mostrar que não estava afim de ataques, nem ao menos tinha armas.
As relações humanas são sempre cheias de mistérios, são complexas, a gente não sabe como começa e nem quando termina. "São estranhas", já definia o escritor Charles Bukowisk.
O coração nos move. Fraqueza de minha parte ou não, observei como as pessoas são imprevisíveis, que nunca vamos saber delas, mas saberemos quem somos nós perto dos assuntos do coração: Pequenos demais.
*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).