Renato Moraes

08/12/2021 09h32

 

Sobre a Ribeira, afetos e arquitetura

Em nossa última coluna, propusemos ao leitor um passeio, ou melhor, uma viagem pela riqueza histórica e cultural da Ribeira. Continuamos por lá, mas agora propondo também uma leve subida em direção à Cidade Alta à procura de outros cantos e recantos também cheios de encantos. Na Ribeira famosa, na não menos famosa rua Duque de Caxias, esquina com a travessa José de Alexandre Garcia, o ateliê do artista plástico Flávio Freitas é opção cultural há quase duas décadas para os que têm na arte um hábito, uma paixão. 

Freire atua há mais de 30 anos no cenário artístico potiguar. O ateliê da Ribeira foi inaugurado em 2005, num prédio em estilo art-decór construído nos anos 1930. O andar térreo serve como área de exposição enquanto o superior é todo dedicado à produção de arte. 

Em direção à Cidade Alta, cujos encantos deixamos para um próximo encontro, o Ludovicus, casa de Câmara Cascudo, é parada obrigatória. Apontar o endereço é fácil: avenida Câmara Cascudo, 377. Definir Cascudo, nem tanto. Cascudo é tudo isso: historiador, jornalista, etnógrafo, professor universitário, advogado, antropólogo e, principalmente, um dos mais importantes escritores e estudiosos da cultura popular brasileira.

 

Cascudo tem tudo a ver com a história da cidade do Natal que, aliás, dá título de uma de suas obras. Parte de sua vida e obra podem ser no (re)visitados no Ludovicus, instalado na casa onde viveu boa parte de sua vida, na avenida que hoje leva seu nome.

 

De tão vasta que é, a obra de Cascudo não cabia no espaço, que em 2008 ganhou um anexo, o Pavilhão Dáhlia Freire Cascudo, esposa e companheira durante 57 anos. O instituto abriga coleções museólogas fruto das pesquisas de Cascudo e objetos pessoais da família. O acervo inclui peças de etnografia africana, indígena, de arte sacra, de arte popular brasileira e de outros países, telas e gravuras de artistas plásticos renomados, móveis e utensílios domésticos e as comendas recebidas por Cascudo.

 

Há retalhos da história de Natal e do Brasil nas imediações. Sustentam-se por meio de uma arquitetura belíssima, que se apresenta aos olhos do visitante no Solar Bela Vista, na Capitania das Artes com sua fachada em estilo retrofit, no Solar João Galvão de Medeiros, para citar apenas esses exemplos. Alguns passos a mais recompensam a disposição para o passeio. Se for ao entardecer, caro leitor, observe os tons de dourado na fachada azul e branca do Palácio Felipe Camarão.

 

No que diz respeito à segurança, bom lembrar que é melhor andar em grupo que isolado, principalmente em alguns horários mais críticos. 


Se o amigo leitor não pretende sair de casa, mas quer conhecer um pouco mais sobre esses recantos, recomendo o e-book Centro Histórico de Natal – guia para turistas e moradores, coordenado pelas professoras Andréa Costa e Patrícia Amaral, do IFRN. Copie o link https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/948, cole no seu navegador e boa leitura.


*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).