Renato Moraes

15/12/2021 09h32

 

Ora Viva São Gonçalo!!

Dezembro é temporada de Alta Estação. E nossa dica da semana ao caro leitor é um passeio a São Gonçalo do Amarante. A cidade, que completou aniversário de emancipação política no último sábado, dia 11, deu de presente ao Brasil, entre outros, Dona Militana, considerada por muitos a maior romanceira do país. E Ademilde Fonseca, a rainha do choro. 

São Gonçalo é conhecida como uma espécie de capital do folclore potiguar, terra do Boi Calemba Pintadinho. Nas terras onde brasileiros deram a vida pela fé, no episódio conhecido como o Massacre de Uruaçu, religião e história dão o tom da visita à cidade. A matriz do padroeiro São Gonçalo, cuja data é comemorada em 28 de janeiro, é um raro exemplar de arquitetura barroca no Rio Grande do Norte. 

Foi construída no mesmo local da primeira capelinha edificada no início do século XVIII, por iniciativa dos portugueses Paschoal Gomes de Lima e Ambrósio Miguel de Serinhaém. A transformação de capela em igreja matriz durou dois anos, sendo concluída em 1840. Os dois altares laterais da igreja parecem mostrar como a força da cultura indígena influenciou o estilo barroco dominante da época. 

Olhando de baixo para cima, o visitante pode constatar como o altar começa “puro” com todos os elementos da arquitetura barroca e vai subindo numa mistura de estilos que culmina numa espécie de cocar estilizado, presente em outras referências culturais nordestinas como no vestuário do maracatu, por exemplo.

Mas assim como se apresenta a cultura indígena, também se abre a força da mãe África nos claros sinais da influência da cultura negra no cotidiano da região. E, não por acaso, o santo que descansa no altar à direita é São Benedito, protetor dos negros e dos humildes serviçais e patrono de São Gonçalo do Amarante. A data é comemorada em 29 de outubro.

Se o barroco lá pelas bandas de Minas foi erguido a “toque de caixa” com a força do ouro e sob a bandeira da ostentação e da fé, o barroco nordestino, particularmente nesse exemplar no Rio Grande do Norte, parece mostrar mais claramente esse viés ocupacional. 

O resultado é simples e belo. Vale a visita. Para quem gosta de fotografia uma dica: o sol do fim da tarde tinge de dourado a fachada branca e amarela da igreja. Um espetáculo!!





 


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