Andrea Nogueira

16/12/2021 09h36

 

Ah... minhas cotas!

No Brasil existem três tipos de cotas: as sociais, as raciais e as por deficiência física. Todas elas fazem parte de uma política pública de acesso a oportunidades. Apesar de haver resistência quanto a compreensão dessas políticas, elas existem e são necessárias na busca da igualdade de direitos.

A questão sobre cotas vai além de uma distribuição de vagas, especialmente quando conhecemos, verdadeiramente, o conceito de isonomia.

A palavrinha tão falada, “isonomia”, é muito incompreendida. A busca pela igualdade, considerando a isonomia, não está assentada na perspectiva de dar a todas as pessoas a mesma medida de direitos. Até porque assim continuaríamos a vagar na desproporcionalidade.

Praticar atos em busca da isonomia significa propiciar o usufruto de direitos certamente difíceis de alcançar. Assim, não basta ter o direito, é preciso conseguir usufruí-lo. Não basta estar escrito no texto legal que todos são iguais e que a educação é para todos. Precisamos fazer com que cada pessoa consiga alcançar os níveis educacionais mais altos, considerando aquele nível que só um grupo determinado alcança sem auxílio direto do poder público.

Nessa mesma linha, não basta estar escrito na lei que todos tem direito a ocupar um cargo público. É preciso construir um caminho para esse cargo, onde pessoas que não conseguiram desenvolver grandes aptidões físicas por causa de uma deficiência, por exemplo, poderão trilhar sem concorrer com quem não tem as mesmas limitações. 

Isonomia, portanto, é garantir oportunidade para todos, mas privilegiando quem mais necessita de ajuda. Trata-se de dar essa oportunidade a alguns, para que estes consigam ocupar os tão sonhados espaços sociais, de trabalho e de vida.

Isonomia tem tudo a ver com cotas. E quem entende o que é isonomia, compreende a existência das cotas sociais, raciais, por deficiência e de gênero.

As cotas impulsionam a sociedade à convivência com a diversidade, além de corrigir a imensa desigualdade entre pessoas pobres e ricas, brancas e negras, com deficiência ou não, além das diferenças entre homens e mulheres.

As cotas trazem mais direitos para uns, para aproximá-los de outros que estavam usufruindo sozinhos do maná da vida.

Quem não precisa das cotas para usufruir algum direito, abra espaço para alguém passar.

 

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