Evandro Borges

31/12/2021 10h19

 

                       Adeus ano velho

 

                       O ano de 2021 não deixará saudades, apenas a referência da necessidade de enfrentar os desafios. Quantas mortes no rastro da pandemia. Aqui no Potiguar Notícias perdemos o nosso timoneiro, o jornalista Pinto Júnior, que lutou bravamente, mas não resistiu ao coronavírus. Por outro lado revelou uma forte mulher que a todo instante se supera, Irandir Pinto. E o Potiguar Notícias segue tentando manter o espaço nos meios de comunicação nos novos formatos em parceria com tantas emissoras do Estado do Rio Grande do Norte.

                        O ano para os meios trabalhistas não foi nada animador, arrocho salarial, desemprego, empregos com poucos direitos, jornadas de trabalho maiores, inflação, custo da cesta básica aumentada, meios de transporte caros e sem qualidade, combustíveis com política de preços que interessa aos acionistas em detrimento dos interesses nacionais, a continuidade das violências de todas as matizes.

                        No meio rural, nenhuma ação de desapropriação em que pese a agricultura familiar consistir no segmento que garante a alimentação e a nutrição na mesa da família brasileira, com a terra concentrada na mãos de poucos, redução do crédito de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos de grande alcance econômico e social. A finalização do programa de construção de cisternas para atenuar a convivência com o semiárido, que continua sofrendo com as chuvas irregulares.

                        Na área ambiental o país continua devendo muito, desmatamento da floresta amazônica e desertificação em outras áreas. Muita liberação de herbicidas e venenos que continuam poluindo solos e fontes d’água colocando em risco a produção de alimentos do agronegócio em mercados importantes. Isolamento internacional do Brasil, pela falta de comprometimento da pauta internacional para o meio ambiente e a tentativa de reverter as mudanças climáticas que colocam em risco a jornada humana no planeta.

                        O governo federal com uma pauta atrasada nos direitos sociais e humanos, exacerbando debates na contramão da evolução da história, principalmente com as relações de gêneros. Muita violência contra as mulheres e femenicídios, pouco afeito ao diálogo, entrando em conflitos com organizações sociais e segmentos importantes, como é o caso notório com a OAB, e seus candidatos aos conselhos foram fragorosamente derrotados.

                        O Executivo criou conflitos com o Poder Judiciário, principalmente com o Supremo Tribunal Federal e com o Congresso Nacional. O Parlamento realizou o bom debate, melhorou sensivelmente propostas, tentou a inclusão e proteger a cidadania. O liberalismo extremado no país leva a exclusão, aumenta as vulnerabilidades sociais, diminui a possibilidade da convivência harmoniosa na sociedade.

                        A educação sofreu bastante, com cortes de verbas nas Universidades, principalmente para pesquisa, com tentativas extemporâneas e politiqueiras de intervenções nas instituições de ensino. A inexistência de uma política séria de erradicação do analfabetismo, em que pese experiências isoladas. A educação básica sofreu bastante, com anos letivos encurtados e as novas tecnologias com aulas “on line” ainda não foram avaliadas adequadamente no aprendizado dos educandos.

                        A saúde continua um tormento nos grandes centros urbanos, e o princípio da universalidade para atender minimamente a população contínua a ser um desafio. O ano velho mostrou como é importante o SUS demonstrada de modo robusto na capacidade vacinal proporcionado pelo avanço da ciência que em curto espaço de tempo disponibilizou as vacinas suficientes para imunização.  O desempenho dos profissionais de saúde é digno de elogio em face ao trabalho incansável, mesmo com categorias profissionais do setor mal remuneradas.

                        Algumas verdades ficaram claras no ano velho. Não se aceita a censura nos meios de comunicações do país. A liberdade de opinião precisa estar presente e a convivência do pluralismo. O combate a corrupção e desvios precisam ser realizados em todos os rincões, dentro da legalidade. Uma nota triste foi a decisão histórico da mais alta Corte de Justiça declarar um Juiz parcial.

                        O equilíbrio fiscal e de contas públicas precisam ser realizadas, levando em conta o crescimento econômico e a equidade social. As duas dimensões não podem andar separadas. O desenvolvimento não pode significar o aumento das vulnerabilidades sociais e a exclusão. Os potenciais econômicos brasileiros ensejam um desenvolvimento que caibam todos os cidadãos. Não se pode mais fragilizar o tecido social, precisamos de um Estado fomentador do bem estar social e de boa convivência.

                        Adeus ano velho !

 


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