Renato Moraes

05/01/2022 09h19

 

Ora (direis) caminhar sobre as águas!!

Perdeste o senso! talvez diga você, caro leitor, como no verso de Bilac. Mas em Tibau do Sul, aqui no erreene, os guias turísticos dizem que isso é possível num passeio pela Lagoa de Guaraíras, que fica a 7 km do centro de Pipa e a 75 km de Natal. 

A lagoa recebe o nome das tribos que habitavam o lugar. O dicionário online tupi guarani indica que o termo vem de groaíras, tribo indígena que habitava o Rio Grande do Norte e foi expulsa pelos potiguares. Assim, guara-aíra pode ser o indivíduo lanhado ou riscado; ou um tipo de bagre; ou guirá – ave; eira – mel; ou seja, mel de pássaros ou de que os pássaros gostam. Ou ainda corã – minar, brotar; e eira = ira – mel; mel que brota, fonte de mel /// ou de guaró – o que guarda; eira = ira – mel; guardião do mel /// ou também de guará-aíra – o filhote do guará.

Para quem gosta do contato bem próximo com a natureza, uma oportunidade para observação da fauna local, que inclui desde os ariscos golfinhos até a majestosa garça azul. O passeio pela lagoa inclui também o banho de lama no manguezal, que dizem ter propriedades terapêuticas. 

A lagoa tem cerca de 2 km quilômetros de largura e forma uma baía circundada por manguezais, mata atlântica e falésias. O passeio inclui uma paradinha num bar improvisado num banco de areia no centro da lagoa, onde existia o antigo povoado. De longe, pessoas e objetos sobre o filete de areia parecem flutuar sobre as águas. Está aí o truque.

Guaraíras já foi isolada do mar. Quando chovia, a lagoa transbordava, causando inundações ao seu redor. No século 17, os holandeses construíram o primeiro canal de ligação com o oceano. Com a expulsão dos batavos, o canal foi tomado pelas dunas de areia.

Somente em 1890 houve nova tentativa de reabrir o primitivo canal. Em 1923 a obra foi construída, mas não resistiu a uma noite de cheia em 1924. As águas da lagoa romperam, causaram destruição no pequeno povoado e abriram uma estreita saída para o mar, que permanece até hoje. 

Há histórias que diversas casas do vilarejo ainda estão submersas, e podem ser vistas num mergulho no local. Um mergulho na história, afinal.

 

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