Emanuela Sousa

04/02/2022 13h59
 
Endorfina 
 
Já não somos mais os mesmos. A pandemia nos atravessou e nos devorou por inteiro... Admita, você não se reconhece naquele mesmo corpo do ano 2020.  Certamente eu, tu e o resto do mundo entramos em estado de mudança. Algem aspectos físicos, psicológicos, espirituais. Todos nós, em algum momento,  conhecemos a escuridão em apenas dois anos. 
 
Epifanias soaram em minha mente hoje, ao ouvir uma música... Algo num tom melancólico, suave, sólido...  Estava pensando no amor, no afeto e no prazer que ele desperta, em como ele se encaixa em tempos de cólera e  pandemia. E redescobri que ele está por toda parte, mas adormecido em algum lugar.
 
A dopamina, ligada aos prazeres ainda pulsa, acredite. Fomos engolidos pela tristeza e pelos tristes acontecimentos diários que ao esquecemos de acessa-la. 
 
A dopamina é o que nos faz achar graça nas coisas quando tudo é rotineiro. 
 
Adormecidos, muitos ainda esqueceram de como é viver nesses últimos anos. Acorrentados pela vida de casa e trabalho e o medo do Covid, esquecemos do sabor de se arrumar para encontrar alguém pela primeira vez, de ir à um restaurante diferente ou de simplesmente dar uma volta no parque mais próximo de casa. 
 
O encanto de experimentar a vida nunca foi tão distante . Não liberamos mais dopamina, não encontramos a endorfina no meio de tanto caos. (Eu sei.)
 
Que neste ano - ainda sob a pandemia que nos deixa em dúvida se podemos acelerar ou não, não esquecemos de acessar os prazeres e estarmos abertos para o afeto.
Não esquecemos de liberar o que há de melhor dentro do nosso novo eu. Em meio às inconstâncias de um mundo doente,  o carinho, a paixão e zelo pelo outro precisam, mais do que nunca, estar no ranking dos assuntos que mais se almeja. 
 
Essa endorfina é nossa. Foi o mundo quem nos deu. Fazer o bom uso dela, enquanto o mundo desaba e os prédios caem a nossa volta, abaixamos os muros que nós mesmos construimos, e estejamos abertos para conhecer um novo sol.

*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).