Bia Crispim

11/03/2022 09h56

 

COM VOCÊS, MAIS UMA VEZ, O MINISTRO DA (DES)EDUCAÇÃO

Não vou citar o nome desse senhor pra não dar IPOBE. Mas, francamente, que serzinho repugnante e pretencioso esse ministro da (des)educação. Que tipo de suprassumo da humanidade ele acha que é? O mais correto, o mais honesto, o mais puro, o santo que será salvo pelas mãos do próprio Cristo porque ele não é qualquer um?!... Ai, coitado! 

Alguém diga a ele que serão os vermes, os mesmos que se deliciarão das minhas carnes de Travesti que se alimentarão das dele. Talvez ele seja prato principal (afinal ele se acha); eu serei a sobremesa... (Delícia!) Alguém, por favor, diga a ele que do pó que ele veio, eu também vim... Quanta presunção na fala de um ser comum e patético que se autoproclama melhor que os outros.

“Nós não vamos permitir que a educação brasileira vá por um caminho que tenta ensinar coisas erradas para as crianças...” Disse o tal senhor dia 08 desse mês. Hein?! Não vai permitir o quê? Como não, se no próprio discurso dele o ministro ensina intolerância, desreipeito, transfobia, discriminação... Essas coisas são boas? Na cabeça desse doente deve ser.

“Não vou permitir enquanto eu for ministro que ninguém violente a inocência das crianças nas escolas públicas. Não vou permitir isso” – Acrescentou o estandarte da moral e dos bons costumes. E aí eu pergunto: O que será que ele está fazendo contra os casos de abuso infantil e de adolescentes com os quais nós, professores e professoras cis e Trans das escolas públicas nos deparamos nas nossas vivências em sala de aula? O que ele está fazendo pela educação não sexista e misógina nessas escolas que oprimem meninas e jovens mulheres? Como ele está enfrentando a evasão escolar de adolescentes LGBTQIAPN+ devido ao “bullying” (palavra que a escola gosta de usar pra esconder LGBTfobia, racismo, gordofobia, transfobia...) nessas escolas?

Tá preocupado com a inocência, com a segurança e o bem-estar das crianças, tá, seu hipócrita mentiroso?! 

Minha revolta diante desse homem é tamanha que enquanto ele for ministro, e, provavelmente, depois, vocês vão ler minhas muitas queixas e revoltas contra ele. Revolta-me também saber que há professores e professoras que concordam com esse serzinho (Se ele acha que pode diminuir as pessoas, dá todo o direito de que eu ou qualquer outra pessoa faça o mesmo com ele).

A coluna de hoje, que já estava escrita, era uma reflexão sobre o 8M, mas diante de uma postagem feita ontem em um grupo de profe’s do RN, resolvi escrever outra coluna pra hoje. Quase não durmo pensando no que ouvi desse senhor, como com a concordância de uma professora que posicionou-se com um “Ele tem razão”, diante do qual eu prontamente me manifestei. Eis o que respondi:

“estou há 30 anos em sala de aula e sou uma travesti professora, inclusive a única que ensina em uma escola privada no estado do RN, além de ser uma das poucas que atua na rede pública. Em 30 anos vi meus alunos e alunas seguirem o caminho do bem e da retidão, do respeito e do amor ao próximo, independente de como eles e elas se auto-identificaram ou se auto-identificam. E fico abismada quando leio uma colocação dessas de um homem que se diz de Deus e cristão. Que razão ele tem em ser transfóbico? Que razão ele tem em disseminar o preconceito e a intolerância? Que poder é esse que ele acha que tem em julgar as pessoas? Em que momento ele acredita que é melhor que eu ou que qualquer uma outra pessoa Trans? Tenho pena desse senhor, tenho pena de quem pensa como ele, pequeno, mesquinho e com essa arrogância de achar que pode julgar as pessoas. Nem parece que é pastor. Nem parece que leu a Bíblia, livro que deixa claro inúmeras vezes que julgamento não cabe a um simples mortal. Esse senhor não é nada além disso, simples mortal como eu. E digo mais... Quem está ensinando o que não presta é ele: odiar o outro. Isso nem presta, nem é atitude cristã. Pelo contrário. Quem espalha ódio, indiferença, desamor, preconceito, falta de empatia é o outro, não Deus.”

(Muita ousadia dizer que eu ensino coisa errada. Deixa está!) Ainda não recebi resposta. Mas quando ela vier, estarei pronta pra me defender, afinal, a vida de uma Travesti não é fácil. (No Brasil, então!) E pra encerrar essa coluna com um grande deboche (porque Travestis são debochadas) eu acho que o ministro pastor tem parte com o capeta, aliás com o capeta e com o filho do capeta que está na presidência. KKKKKKKKKKKK

Tenho dito!


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