Emanuela Sousa
20/03/2022 10h29
Imortal
Quantas vezes desejamos que algo, mesmo que secretamente, torne-se imortal?
Esta manhã acordei nostálgica. Virei a folhinha do calendário e senti um certo desconforto, o tempo está passando depressa. E nunca desejei tanto que aquele tempo parasse.. Por um momento.
O entardecer dessa cidade hoje é caótico e sombrio. Não quero mais admira-lo sumindo entre os prédios e arranhas- céus todo dia às seis. Ele só me traz a memória que até um tempo atrás estava tudo bem...
Hoje já não tenho mais aquela eternizado em minhas mãos como imaginava.
Tudo saiu do eixo de repente. O afeto foi passageiro,
As estruturas desabaram.
E para onde foi o desejo de transformar o real em imortal, viril e imbatível?
Este desejo nunca existiu. (Não para você).
A imortalidade não mora em lares vulneráveis, não quebra, não rompe com rapidez.
Imortalidade não desiste, não assim tão facilmente.
As paredes que protegem o imortal não esmorece.
Creio que durante todo esse tempo me enganei sobre a eternidade que construimos. Ela só existiu nos meus desejos profundos.
Eu desejava a durabilidade.
Desejaram o fugaz,
E por fim, conseguiram.
Não foi o bastante?
Amanhã talvez me contará quando o gosto do instantâneo não estiver mais em seus lábios.
*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).