Fábio de Oliveira

28/03/2022 10h48

 

522 anos de mortes e perseguição, mas a guerra Euroasiática é mais comovente!

Basta um conflito nos países euroasiáticos ganhar visibilidade nas mídias em geral, que surgem os cientistas políticos, econômicos e de relações internacionais tendo como base, opiniões de senso comum. Não é novidade que mais uma vez esses “especialistas” venham colocar a boca no trombone e os dedos nos teclados para externar suas falácias e fake news sobre tais eventos, como tem acontecido recentemente com os conflitos entre a Rússia e a Ucrânia. 

Mas a cultura do cachorro vira-lata faz enxergar apenas as mortes que acontecem lá fora. Até quando vedarão os olhos para o genocídio dos nossos povos, que acontece debaixo do nariz, há mais de 522 anos?

Sabemos que nada precisa ser justificado para que o desgoverno atual continue realizando suas destrutivas intervenções e legitime outras com os mesmos propósitos de extermínio e apagamento dos povos subalternizados por esse sistema. 

Observamos que todas as truculências possíveis projetadas dentro do plano de “governo” estão em curso, matando cada vez mais nossos parentes e reduzindo direitos. Por incrível que possa parecer, ainda há quem apoie e diga que tudo isso é coisa do imaginário popular da oposição.

Estamos munides de saberes sintéticos, orgânicos, necessários e suficientes para derrubar esse mesmo sistema estrutural, mas a sensação, às vezes, é de impotência. A ausência de uma credibilidade democrática e um negacionismo mortal vem ganhando cada vez mais força, deixando-nos mais suscetíveis a um colapso social e existencial iminente.

Mesmo com a existência dos dispositivos legais na Constituição de 1988 acerca da garantia dos nossos direitos territoriais, estão invadindo nossas terras e nos matando em prol de uma lógica eurocêntrica de progresso assassina e covarde, com o intuito de gerar riqueza e lucro para os grandes empresários e políticos, os quais estão em um pacto de benefícios entre eles mesmos. Enquanto isso, queimadas e desmatamentos aniquilam ecossistemas e parentes indígenas são dizimados e lançados à própria sorte.

Diante de tantos ataques que vêm perdurando há séculos sobre nossos povos, a forma que temos de resistir é continuar unides e tensionando em defesa das diversas formas de vida e da garantia dos nossos direitos, que foram conquistados com muita luta. Nós, povos indígenas, somos tão politizados que estamos resistindo a essa máquina de destruição chamada colonizador há mais de 522 anos, e vamos continuar lutando.


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