Fábio de Oliveira

11/04/2022 12h08

 

Formações étnico-raciais: diversidades e valores indígenas para além da sala de aula

 

Quando o mês de abril chega, as escolas começam a se mobilizar para realizarem atividades e apresentações que tragam nossos povos como temática para as suas rodas de discussão. Além dos cocares de cartolina e aquela velha representação dos nossos povos, naquela configuração do “descobrimento do Brasil”, também há escolas visitando aparelhagens culturais do Câmara Cascudo. Aos desinformades: o pseudointelectual também contribuiu para o apagamento dos nossos. Mas diante das tentativas, sem sucesso, de dialogar sobre nós e até mesmo a ausência destas, há ações significativas acontecendo – e muitas destas ficam no anonimato – que é importante externar.

Se, por um lado, não há o mínimo esforço em procurar e promover formações e informações sobre as diversidades dos nossos povos, por parte dos órgãos municipais e estaduais de educação, por outro lado, surge em algumas salas de aula, ou até mesmo fora delas, a vontade de mudar. Há uma dedicação enorme para dialogar com os estudantes para disseminar o conhecimento e respeito pelas diversidades étnicas e culturais e colocá-las em prática para além do dia 19 de Abril.

 A falta de formações étnicas e raciais na educação espelha o preconceito gerado e alimentado pela padronização da existência e narrativa colonial que acabam por desconsiderar outras perspectivas de mundo diferentes dos vieses eurocêntricos. A escola, que é o nosso primeiro lugar de interações e dinâmicas sociais, acaba sendo um lugar de difícil convivência também motivado por um apagamento constante que acontece também fora desse ambiente escolar.

Nossas subjetividades são destruídas pouco a pouco pela exclusão, subjugamento e incompreensão dos nossos modos de viver. Esses ambientes não foram pensados em nós nem no nosso desenvolvimento intelectual enquanto seres também pensantes e capazes de produzir intelectualidade reflexiva e crítico para um bem comum coletivo.

Mas nem tudo é uma tragédia conformada e podemos sim comemorar algo. Há iniciativas que partem de dentro de algumas escolas que é importante externar. Algumas delas já se articularam para visitar o sítio histórico e ecológico Gamboa do Jaguaribe para conhecerem mais sobre saberes e valores das nossas (bio) diversidades, conhecerem a educação ambiental e alimentar, assim como convidam indígenas para realizarem diálogos junto às turmas na própria escola a fim de pautarem essas discussões.

Essas ações buscam não somente dialogar sobre outras narrativas que nos evidenciam e nos fortaleçam, mas também gerar ações no cotidiano para além da escola. Sabemos que um contra discurso se faz necessário também no cotidiano e que é importante estarmos informados para não reproduzirmos os estereótipos do senso comum.

 


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