Emanuela Sousa

17/04/2022 08h00

 

Coincidência, delírio ou destino? 

 

No começo da semana fui pega de surpresa,  por uma novidade que me pegou desprevenida e de cabelo em pé. Eufórica com as emoções a bordo e ao mesmo tempo entusiasmada, peguei o telefone e contei para os amigos. "Seria o destino?" Perguntei.  Tenho medo. Medo de ser apenas uma coincidência, dessas que a vida prega, nos fazendo de bobo. Tenho medo de ser o destino tramando mais uma.

 

Era de amor que eu estou falando no telefone. E sobre afetos, desses que enroscam na gente e nos deixam perdidinhos de tão bom. Eu estava tão a fim na época, queria para ontem que o amor acontecesse. Fantasiava, imaginava o exato momento que tudo acontecesse, como mágica.

 

Eu, conformada, passando pelo processo do luto, enterrava tudo, inclusive teu nome. Aceitava o processo que não ia dar certo que envolvesse nossa existência. Ainda no domingo a noite escrevi uma crônica chamada 'delírio' e dizia para mim mesma no texto que tudo não tinha se passado por um delírio coletivo.

 

Na segunda-feira, a novidade. Fui pega em cheio por este sentimento, que das cinzas ressuscitou. Na sequência, abri as redes sociais e fui surpreendida por uma postagem que, para mim, fez todo o sentido. "O amor não acontece, o amor é construção." Dizia a postagem. Coincidência? Talvez…

 

O amor é construção,

O amor é construção.

 

Repeti três vezes em voz baixa, enquanto organizava meus livros na prateleira. Precisei repetir até que isso ficasse evidente em minha mente. Até ter coragem de me despedir do imediatismo cego.

 

Até que eu entenda que amor não para ontem, nem para agora, como miojo que fica pronto em 2 minutos. Que amor, demora, constrói-se aos poucos, nos detalhes.

 

A pandemia nos trouxe consequências evidentes, e esta foi mais uma para colocar na ficha. Ficou claro como eu e mais uma galera por aí, enferrujados depois de passar dois anos de vida amorosa jogados no lixo, estamos com sede viver como se houvesse amanhã. Ansiosos e cheios de receios, mas de vontades, queremos tudo, inclusive amor, pronto para devorar em 2 minutinhos.

 

Antes que a fantasia e a ansiedade se misturam-se dentro de mim, fazendo uma festa, tratei logo de parar tudo a minha volta e pensar.

O amor não é fantasia,

O amor não vive de coincidências.

O amor não acontece.

 

O amor se constrói. Pego um copo de água, respiro fundo, agradeço a oportunidade e…

 

Paciência… paciência…


*ESTE CONTEÚDO É INDEPENDENTE E A RESPONSABILIDADE É DO SEU AUTOR (A).