Eliade Pimentel

16/05/2022 11h59

 

É o seu estilo, amiga!

 

Chego meio atrasada em uma festa de aniversário, que há mais de dois anos é esperada. Minha amiga Alcyone Coelho, que recentemente recebeu o titulo de cidadã natalense, ela que é de Teresina (PI) e desde menina mora em Natal, aliás, sua família, visto que ela atualmente mora nos Estados Unidos. As pessoas especiais para mim são quase uma lenda. Eu não preciso saber toda a sua história, muito menos seu currículo.
 
Apois, então, como ela costuma dizer, rumbora. Sim. Duas expressões idiomáticas que minha amiga gosta de usar em suas postagens. Legal que, mesmo morando fora do Brasil, ela continue brasileira e nordestina até a tampa. Cheguei em sua festa usando meus óculos escuros de grau. A outra armação quebrou e estou nesse modelo excêntrico. “É o seu estilo, amiga”. Para quem não me conhece, parecia até que ando sempre assim, estilosa até demais. Ah, e cheguei de mochila também (meu escritório ambulante).
 
Isso significa que passei o dia na rua e não tenho essa de estar em festa social e ter que me emperiquitar toda. Eu sigo o (meu) fluxo, procuro fazer a melhor logística. Do jeito que der e for mais fácil. O negócio é ir. Sem escovar cabelos, sem fazer maquiagem bafo, sem comprar roupa nova e, às vezes, sem levar presente. Mas, dessa vez eu levei dois presentes. Um bloquinho da divulgação de uma artista, cliente de assessoria que virou amiga - “para eu me lembrar que sou jornalista”, disse a mesma ao receber o mimo, e um par de brincos artesanais em crochê. 
 
Bem, confesso que foi coincidência eu ter em mãos um par de brincos representando a flor-símbolo da cidade do Natal. E para uma recém intitulada cidadã, foi um presente mais do que adequado. E é sobre essas coisas que eu venho falar. Sobre autenticidade. Sobre ter estilo de vida. Sobre traçar seu próprio caminho e procurar segui-lo, mesmo às vezes tendo que desviar daquilo que idealizamos. Ser uma pessoa que se mantém íntegra, seja onde estiver. 
 
Vejo pessoas gastando tanto tempo tentando "se encontrar" e não entendo mesmo qual a dificuldade. Realmente, volto ao ponto em que me sinto privilegiada por não ter tantas neuras. Talvez já tenha tido algumas. Hoje em dia, me sinto polida nesse sentido. E gostaria de poder ajudar as pessoas a cuidarem mais de si. E esse cuidado passa longe de reparações estéticas. De harmonizações faciais. De plásticas ou silicones. 
 
Refiro-me ao fato de as pessoas idealizarem uma forma de se encontrarem consigo mesmas. Falo de encontros pessoais e intransferíveis. Isso tem a ver com os cuidados com a pele? Sim. E com o corpo? Também. Mas, principalmente, sobre encontros da própria alma. Não me refiro à religiosidade. Falo sobretudo sobre  leituras pessoais, questionamentos internos, sobre buscas incessantes. Olhe-se através do espelho e reflita. Tire a casca que o tempo colocou e tente se ver novamente. Só você verá o que você tanto procura. 
 
O seu estilo, amiga! Ou, o seu estilo, amigo, está incrustado em um local onde somente você pode achar. É sobre isso. Vá fundo. Vá lá e pesquise onde está o seu jeito mais genuíno de ser. Agradeço demais a alegria contagiante de Alcyone, agradeço o seu jeito de reforçar minha autenticidade. Agradeço por ela reunir amigas que ultimamente têm se encontrado em suas festas. Agradeço que ela ignore o fato de eu ter quebrados os óculos e apareça de lentes escuras numa festa social. Sim. É o meu estilo quebrar paradigmas.
 
 

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