Emanuela Sousa

17/07/2022 00h00
 
 
Show de horrores 
 
 
 
Não, eu não quero mais ver o noticiário. Só hoje vi, pelo menos, dezessete manchetes com o vídeo do caso monstruoso desse anestesista.  
 
Eu não quero ver. O ódio que havia guardado saltou em minhas veias, despertando-se. A cólera, amargura… 
 
Encho a xícara de café, volto para a mesa do escritório e entre um gole e outro, reflito o quão é triste ser mulher nesse país, o quão difícil é estar vivendo nesse tempo. 
 
O ódio escancarou pelo mundo. 
 
Queria estar agora sendo teletransportada para um outro tempo, em um outro mundo… quem sabe onde não houvesse tanta maldade, tanta crueldade, quem sabe não houvesse miséria, como estamos vendo nos últimos anos. 
 
Fechei meus olhos para a realidade. Supliquei pelo silêncio. Pelo bem da minha saúde mental. 
 
Por um dia gostaria de não ser mulher, não carregar as dores que habitam nesse corpo. Onde nem mesmo na hora do parto temos paz… 
 
Já não bastasse a falta de segurança diária na rua, no trabalho, no metrô, na Igreja, na volta para casa. 
 
Ao ver essas manchetes, por um momento, senti que peguei a angústia de todas mulheres do mundo e segurei nos braços. 
 
Foi a semana mais pesada que passei nos últimos meses, onde fui derrotada pela minha ansiedade e pela amargura do mundo. Queria não sentir nada, estar apática. 
 
Olhar esses casos repletos de crueldade e não me indignar. Olhar por curiosidade mesmo, fingir empatia, com ar de desinteresse… talvez eu não estivesse tão angustiada como agora. 
 
Para mim o nazismo é isso que está debaixo de nossos olhos e não queremos ver: a falta de empatia com o ser humano. Onde nenhuma vida têm mais valor. Nada importa. 
 
Se não abrirmos os olhos o quanto antes para a realidade que, estamos atravessando tempos sombrios, e se atentar à vida dos nossos, educar melhor as crianças, avivar nossa sensibilidade… o final será triste. 
À beira do abismo. 
 
Cuidem-se. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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