SPVA FEITO DIA DE DOMINGO
Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte (SPVARN) - uma associação literária e artística, de utilidade pública, democrática, sem fins lucrativos, com 27 anos de existência e 68 atuantes associados de importante atuação no meio cultural do Estado.
09/03/2025 04h51
COLUNA SPVA
FEITO DIA DE DOMINGO
A Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte (SPVARN), é uma associação literária e artística de utilidade pública, democrática, sem fins lucrativos, com 27 anos de existência e 68 associados de importante atuação no meio cultural do Estado. Nesta coluna, dominicalmente os leitores serão contemplados com autores e autoras de diversos estilos e gêneros literários.
JOSÉ DE CASTRO, jornalista, escritor e poeta. Mestre em Tecnologia da Educação. Autor de livrospara crianças, adolescentes e adultos. Membro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grandedo Norte – SPVA/RN, da União Brasileira dos Escritores do RN – UBE/RN e membro fundador da Academia Internacional Poetrix, cadeira 11, patrono Paulo Leminski.
NOITE AFORA
Por José de Castro
Prezados(as) Leitores (as),
E fico mudo, sem palavras, diante da beleza posta na mesa da poesia... Encantam-me poetas, todos eles e elas, sejam simbolistas, modernistas, românticos ou parnasianos… E – por que não? – os minimalistas também...
E bico os versos como se fossem fruta, madura framboesa... um gosto de mato... de araçá azul... pitanga e romã trincada de espanto... e vou degustando um quintana... e me espia daquele galho um autêntico joão-de-barro... ou seria um manoel?
Mário Quintana
Manoel de Barros
MARINA COLASANTI
E me distraio num jogo de amarelinha sem céu e sem inferno... primavera sem inverno... chuva torrencial de emoções... príncipes e princesas desfilando por aqui nos olhos de colasanti... acuda-me qualquer pessoa... há uma pedra no meio do meu carinho…
E fico a beber as taças dessa madrugada servida em cores, licores de puro frenesi... jenipapo tá no papo... e de papo pra lua miro a solidão das horas a bater o ponto no canto do relógio sem cuco, feito chapeleiro maluco... e ouço a passarada no bico da madrugada... não há mesmo luar como esse do ser tão lírico feito os olhos de cecília e de catulo das paixões tropicalientes…
Poesias de orvalho caem em noites de noel... e até os galos ficam mudos e se deixam encantar, pois a beleza da prosa poética que canta a vida pode nos maravilhar... e os galos vão tecendo a manhã nos versos cabralinos de joão... e espera-se o nascer das açucenas de zila que apascentam os versos do menino azul a dormirem feito bois em paz... E os trigos brotarão a esmo nos olhos de anil, ou seriam de neil (de castro)?
Quem me dera colher um cacho de adélias pelos prados, pelas campinas, pelas infinitas veredas dos sertões em rosa... as rosas que simplesmente exalam a dor do caetanear... pois a que será que se destina?... ah, amigo é coisa pra se guardar no lado que é lá do lado de lá... feito haicai que cai do céu leminskiano sobre cada um de nós... e alice a ruir e trincar os versos maduros nos espelhos minimalistas... e por um trix somos também poetrix… e nos encantamos por entre saltos e sustos...
Mais além, fere a madrugada o pincel fino da palavra de quem sabe pintar o vento com as cores doídas das saudades de tudo e de nada... dos que cantam o amor, qual florbela, e dos que declamam sonetos de fidelidade para além das coisas simplesmente moraes ou amorais… feito amoras colhidas no pé…
Aos insones, resta apenas beber de um só trago o néctar da solidão... e depois cantar milongas de fazer dormir o coração... e pensar que dias melhores virão... e, aqueles que sobreviverem, verão que sou andorinha só a inventar imensidão... e sou vento e sou moinho e sou quixote... e poeta perdido no próprio mote a ferir o chão…
E me bate uma saudade das auroras da minha vida a casemirar essa memória que quer recuperar a infância perdida na terra do nunca, feito um eco triste de maria-fumaça a resfolegar nos trilhos o melancólico estribilho: noite afora, vou me embora... noite afora, vou me embora... noite afora, vou me embor...
Quem sabe o destino ou o desatino? Pasárgada? Desfraldo versos e vejo bandeira(s) a tremular na voz do vento. A poesia que habita em mim saúda a poesia que faz morada em você. Oh, mana, deixa eu ir…
ATÉ BREVE!
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