Apesar de ter atravessado uma fase de declínio no Brasil, a atividade da criação de abelhas nativas sem ferrão volta a ganhar impulso. A meliponicultura tem se destacado pelo baixo risco, sustentabilidade ambiental e, sobretudo, rentabilidade da produção. Enquanto em uma área onde se cultiva 24 colmeias de abelhas africanizadas do gênero Apis se obtém um faturamento médio de R$ 8 mil por ano com a comercialização dos produtos, é possível montar até 200 colmeias de abelhas nativas, que podem render até R$ 70 mil por ano para o produtor e sem nenhum perigo de ferroada, ao mesmo tempo em que mantém o equilíbrio da flora da região.
Por esses motivos, a meliponicultura - atividade já regulamentada no Rio Grande do Norte - tem despertado a atenção de produtores nos últimos anos e o Sebrae-RN vai demonstrar os motivos desse interesse, durante a 59ª Festa do Boi. O evento será realizado entre os dias 13 e 20 deste mês, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim.
Logo na entrada da Agência Sebrae Festa do Boi, a instituição está montando um meliponário com dez colmeias de abelhas dessas espécies, levando aos visitantes informações sobre a criação, manejo e rentabilidade dessa atividade, inclusive com um consultor técnico especializado nesse tipo de cultivo presente. Estima-se que no Brasil existem mais de 240 espécies de abelhas melíponas, entre elas a abelha de Jandaíra, famosa no Rio Grande do Norte pelo mel saboroso, que foi popularmente associado a propriedades medicinais, e de alto valor agregado.
“Estamos montando essa estrutura para exposição bem semelhante a que foi construída no município de Jandaíra pelo projeto do Sebrae em parceria com a Fundação Banco do Brasil para repassar orientação e informações técnicas a quem busca apostar nessa atividade, cuja procura aumentou bastante no período da pandemia. Isso em função do mel mais saboroso e por ser um tipo de abelha mais dócil, sem ferrão”, explica a analista técnica da Unidade de Desenvolvimento Rural do Sebrae-RN, Honorina Eugênia, responsável pelo meliponário a ser montado no Parque Aristófanes Fernandes. Segundo Honorina, além dessa parte expositiva, a programação da agência Sebrae Festa do Boi também contempla ainda seminários sobre apicultura e meliponicultura no dia 17 de novembro.
As abelhas silvestres sem ferrão carregam características específicas e propícias para o desenvolvimento agroecológico sustentável, já que são encarregados de polinizar muitas plantas nativas, como, no caso do Rio Grande do Norte, espécies endêmicas da caatinga. As colônias podem ser montadas em áreas residenciais, já que as espécies não apresentam riscos de acidentes.
Mais atrações
Os meliponários modelo são apenas uma das atrações da fazendinha, o espaço demonstrativo de vários tipos de atividades ligadas ao agronegócio montado na entrada da Agência Sebrae na Festa do Boi. De acordo com o coordenador do espaço, o analista técnico do Sebrae-RN, Acácio Brito, a fazendinha será a porta de entrada dos visitantes no espaço do Sebrae, apresentando, logo de início, várias unidades demonstrativas de projetos rurais no evento.
No local, estará funcionando a Queijeira Artesanal Nivardo Mello, assim como exposto um curral com vacas leiteiras oriundas do Projeto Leite & Genética e potros gerados pelo Projeto Genepotro, ambos desenvolvidos pelo Sebrae e parceiros. Segundo Acácio Brito, também terá unidades de aquicultura, avicultura e de produção agroecológica de hortaliças. Também estarão na unidade demonstrativa os serviços do Rufião Móvel e Vaca Móvel. O espaço oferecerá atendimentos técnicos especializados de todos esses setores e oficinas práticas de queijos artesanais na queijeira padrão existente no espaço.