Renisse Ordine

26/08/2021 00h08
 
 
Trilogia de Lara: A trajetória de Lara entre índios, quilombolas e afetos
 
 
A escritora Izabel Fortes nos presenteia com um enredo encorajador, que nos estimula a lutar pela propagação do saber e da cultura. Principalmente por estarmos presenciando esse momento, o qual as inverdades são constantemente enaltecidas pelos “intelectuais” das redes sociais. 
 
O recente livro da escritora cachoeirense Izabel Fortes é uma riqueza literária para esses tempos em que a busca pelo saber anda sendo desgastado pelos conhecimentos rápidos e falsos, que são facilmente oferecidos nas redes sociais. Um fast-food de balelas! 
 
É uma trilogia apresentada em único volume, que abrange a vida da protagonista Lara e as influências das vivências acadêmicas de seus pais, em sua formação. Com eles, ela viaja pela história do país, conhecendo a grande diversidade de nossa gente. Depara-se com o Brasil “chão de terra” e a trágica realidade dos povos indígenas e negros. 
O ponto principal do livro é a pesquisa, é o dinamismo do querer saber. Sendo a protagonista Lara, filha de pais professores de universidades, ela deixa a sua curiosidade fluir nas histórias reais e também pelas lendas. Com uma pitada de realismo fantástico! 
 
Como é o caso da primeira parte do livro, dedicada aos índios da tribo Kaingangs. Lara, ainda criança, envolve-se com as pesquisas de sua mãe, e chegando à fazenda de seus avós, tem um novo olhar sobre as histórias dos indígenas que por ali convivem, preocupando-se com as suas lutas para preservar a Araucária e contra o genocídio. 
 
Depois, quando adolescente, ela viaja a Alcântara, no Maranhão, e conhece outros jovens, que querem conhecer a história das pessoas que por ali vivem com sérias dificuldades, após serem desalojadas de suas moradias para conceder o espaço para lançamentos de foguetes. 
 
Além da valorização do pesquisador e das pesquisas, as andanças de Lara, também traz um grande destaque para a arte primorosa de contar histórias. O ato de contar histórias é capaz de encantar crianças e adultos, é através delas que muitas pessoas se iniciam em investigações e em escritas. Os leitores mais assíduos são aqueles que começam ouvindo histórias. 
 
Por entre lendas, oralidades, amores, leituras, liberdade e conhecimento, o livro é indicado para um amplo público e instituições de ensino. Segundo o professor e leitor Jurandir Rodrigues: 
 
“A personagem Lara é um exemplo para a juventude, pela sua sede de conhecimento verdadeiro, através de suas pesquisas e anotações. Em um momento de muito “achismo” e desvalorização do professor, a ciência, a razão. Esse livro se faz necessário, é preciso que se estude e conheça o Brasil”. 
 
Tanto que a ideia para essa história surgiu a partir de um questionamento da autora, ao se deparar com a palavra “quilombola”. 
 
“Então, foi quando vi a palavra quilombola, pela primeira vez, e não sabia o que significava. Ele (meu marido) me explicou do modo dele, e eu quis me aprofundar no assunto. Até fomos para Alcântara, para conhecermos os quilombolas por lá. Penetrei no mundo dos livros e da internet e me deparei com Quilombolas, índios Kaingangs, Suruí- Panter e...”
Percebem? De uma indagação originou-se uma livro tão necessário para a vida. E essa curiosidade possibilitou a Izabel, a explorar versos e rimas, de sua intelectualidade e criatividade. 
 
Trilogia de Lara é imprescindível para ser lido em qualquer ambiente em que se preza a boa literatura. 
 
Como citei logo no início, atualmente nos deparamos com tantas inverdades e insultos pela dedicação à cultura, que a curiosidade é a vela que nos guia, em meio a esse tsunami de palavras sem valia. 
 

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