Renisse Ordine

27/01/2022 08h44

 

Os clássicos nunca morrem

Nesta semana quero compartilhar com vocês um momento que tive a felicidade de viver em família.

Com esse intuito, começo essa história retomando um período muito bom em minha vida, a qual eu assistia religiosamente o seriado Chaves, um clássico da história da televisão mexicana, que fortemente conquistou o coração dos brasileiros. 

Quando criança, eu entendia o Chaves como minha própria realidade. Era um tempo das brincadeiras de rua, da convivência com os vizinhos, das tretas com os amigos. Um tempo tão bem vivido, despreocupado e desvinculado dos problemas dos adultos. A gente sabia das dificuldades de nossos pais, mas conseguíamos sair de casa e criar novos mundos. Anos luz da infância de nossos filhos.

Sou saudosista com orgulho! O que é bom não pode ser esquecido. E quando o seriado chegou ao fim, após 36 anos, na TV tradicional, nem preciso comentar o quanto essa noticia me entristeceu. Mas, graças ao bom Deus, a revolução tecnológica é uma realidade. 

E devido a ela, por esses dias, a minha filha de 9 anos, pode conhecer essa turma criada pelo magnífico Roberto Bolaños. Através dos inúmeros vídeos disponibilizados no Youtube, ela passou a acompanhar, com muito brilho nos olhos, as histórias por ele escritas. Ela se assusta, fica tensa e se diverte com tudo aquilo que assiste. 

Como eu citei, é a uma infância que ela não conhece. E essa vivência televisiva acabou por levantar muitos questionamentos. Acabamos por reviver a minha infância comparando com a dela. Falamos sobre as traquinagens, apelidos, bullying, brincadeiras de rua, o certo e o errado nas convivências sociais. Ah! E o porquê do Chaves viver sozinho dentro de um barril e nunca ter sido adotado por ninguém da vila.

Os clássicos são os clássicos e nunca perdem a sua validade. Eles são transformadores e intuitivos nas sensações. Parece que passamos, por um instante, a habitar o mesmo mundo imaginário, colocando perspectivas diferentes, favorecendo a formação de um novo entendimento real.

Já experimentei todo esse movimento do clássico em minha vida literária. Mas, é a primeira com um programa de televisão. E ter juntamente com minha filha, o contato com um clássico tão significante para o momento atual de sua vida, é oferecer o conhecimento das transições sociais, e buscar no passado uma melhoria para seu futuro.  

Os clássicos nunca morrem, eles vão se metamorfoseando e ganhando novos sentidos. 

 

 



 


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